Enquanto o Brasil se consolida como um dos maiores usuários de inteligência artificial do planeta, um pesquisador brasileiro deu um passo além do consumo da tecnologia e criou um sistema de IA que promete ser mais confiável e preciso do que ferramentas comerciais como o ChatGPT. Desenvolvida por Guilherme Cunha Lima, a solução é capaz de analisar centenas de artigos simultaneamente, produzir estudos complexos e auditar automaticamente cada citação gerada.
De acordo com um estudo da OpenAI, o Brasil ocupa atualmente a terceira posição mundial no uso do ChatGPT, atrás apenas dos Estados Unidos e da Índia. São mais de 140 milhões de mensagens enviadas por brasileiros todos os dias, dentro de um universo global que ultrapassa 2 bilhões de interações diárias e 700 milhões de usuários semanais.
Dados divulgados pelo G1 mostram que os estados brasileiros que mais utilizam ferramentas de inteligência artificial são São Paulo, Distrito Federal e Santa Catarina, seguidos por Tocantins, Rio de Janeiro, Ceará, Paraná, Amapá, Mato Grosso e Pernambuco. O volume reforça o protagonismo do país no uso da tecnologia — ainda que, até agora, majoritariamente como consumidor.
Da ciência política à inteligência artificial
Formado em Ciências Políticas e mestre em Administração Pública, Guilherme Cunha Lima iniciou sua carreira em um dos maiores bancos multilaterais de desenvolvimento do mundo, atuando em áreas ligadas à produção e análise de conhecimento. A mudança de rota ocorreu quando o avanço da inteligência artificial começou a pressionar grandes instituições a repensarem seus métodos de pesquisa.

O problema identificado era claro: ferramentas comerciais de IA não atendiam aos padrões institucionais, por apresentarem falhas de transparência, rastreabilidade e rigor metodológico — critérios essenciais para pesquisas de alto impacto.
Um pipeline mais confiável que as IAs comerciais
A partir desse desafio, Guilherme liderou o desenvolvimento de um sistema próprio baseado na arquitetura RAG (Retrieval Augmented Generation), amplamente usada no setor. O diferencial, no entanto, foi a criação de dois módulos inéditos, voltados para auditoria e correção automática de afirmações e citações.
Na prática, o pipeline consegue:
- Processar centenas de documentos originais ao mesmo tempo;
- Gerar estudos complexos prontos para uso institucional;
- Verificar, rotular e corrigir cada citação, comparando com a fonte original;
- Eliminar erros e “alucinações” comuns em modelos generativos.
Os módulos funcionam como um sistema de autoauditoria, garantindo fidelidade absoluta ao conteúdo analisado.
Resultados superam ChatGPT e outras plataformas
Em testes comparativos internos, o sistema desenvolvido por Guilherme apresentou mais de 90% de precisão, superando ferramentas como Deep Research (ChatGPT) e Elicit, que ficaram entre 70% e 80% de acerto.
O desempenho chamou atenção dentro da instituição, especialmente por oferecer algo raro no universo da IA generativa: confiança metodológica aliada à eficiência.
Em pouco mais de um ano, Guilherme também se tornou fluente em programação, utilizando a própria IA como ferramenta intensiva de aprendizado. Hoje, escreve e revisa código com naturalidade, liderando aquele que é descrito internamente como o pipeline de IA mais confiável já implementado no banco.




