Em uma nova escalada de sua política anti-imigração, o governo de Donald Trump classificou mais de 6 mil imigrantes vivos como “falecidos” nos registros da Previdência Social dos Estados Unidos. A medida, revelada pela imprensa americana, cancela os números de seguridade social desses imigrantes — documento essencial para acesso a empregos, moradia, contas bancárias e benefícios federais.
Segundo fontes internas do governo, o objetivo da ação é pressionar essas pessoas a deixarem o país voluntariamente, num processo conhecido como self-deportation.
Manipulação dos sistemas e repressão indireta
A inclusão desses imigrantes no chamado “registro dos mortos” foi conduzida por integrantes do Departamento de Eficiência Governamental (DOGE), atualmente sob a liderança do bilionário Elon Musk. O grupo selecionado inicialmente é composto, segundo documentos administrativos, por indivíduos com antecedentes criminais ou suspeitas de terrorismo. No entanto, a expectativa é de que a medida se amplie a milhares de outros imigrantes indocumentados que residem legalmente no país sob programas temporários instituídos pelo ex-presidente Joe Biden, como o CBP One.
O número de seguridade social é um identificador vital para a vida nos EUA, sendo exigido para declaração de renda, vínculo empregatício e acesso a benefícios públicos. Ao serem considerados mortos, os imigrantes perdem automaticamente qualquer vínculo formal com o Estado, além de serem excluídos de bancos, locadores e prestadores de serviço.
Ofensiva coordenada entre órgãos do governo
A manobra vem acompanhada de outras ações que indicam um endurecimento sistemático das políticas contra imigrantes. Recentemente, o Departamento de Segurança Interna (DHS) revogou o status legal de dezenas de milhares de imigrantes autorizados a permanecer no país temporariamente, e firmou acordo com o Departamento do Tesouro para que o Serviço de Receita Federal (IRS) compartilhe dados fiscais com a agência de imigração ICE.
Essa aliança entre setores do governo levanta preocupações legais e éticas. A presidente da organização Democracy Forward, Skye Perryman, afirmou que seu grupo deve entrar com ação judicial assim que mais detalhes forem divulgados. “Este presidente continua a agir de maneira ilegal e a abusar do sistema de freios e contrapesos que sustenta nossa democracia”, declarou.
Impactos e resistência judicial
A medida ocorre mesmo após decisões judiciais contrárias. Em março, um juiz federal já havia interrompido o acesso da equipe de Elon Musk aos dados sensíveis da Previdência Social, chamando a iniciativa de “expedição de pesca”. Já em abril, outra juíza bloqueou temporariamente a deportação de centenas de milhares de cubanos, haitianos, nicaraguenses e venezuelanos que mantinham status legal temporário.
Ainda assim, a nova política de Trump reforça a retórica de intolerância de sua administração. Ao usar artifícios burocráticos para minar silenciosamente os direitos de imigrantes, o governo opta por uma abordagem menos visível, mas igualmente devastadora, com consequências profundas para milhares de famílias.