Você se pega bocejando várias vezes ao dia, mesmo depois de uma noite aparentemente “normal” de sono? Precisa de doses extras de café para manter o foco no trabalho ou nos estudos? Esses sinais podem parecer banais, mas especialistas alertam: o cansaço constante pode estar relacionado a um sério déficit de sono — e comprometer sua saúde a longo prazo.
Segundo a Academia Americana de Medicina do Sono (AASM), a sonolência excessiva durante o dia é uma condição clínica com consequências amplas. Além de aumentar o risco de acidentes no trânsito e falhas no ambiente de trabalho, ela pode estar associada ao desenvolvimento de doenças como diabetes, depressão, hipertensão, doenças cardíacas e até AVC.
“A sonolência é uma preocupação séria de saúde com consequências de longo alcance”, afirma o Dr. Eric Olson, presidente da AASM e especialista em medicina do sono.
Quando o corpo pede socorro
De acordo com a AASM, um terço dos adultos relata episódios frequentes de sonolência excessiva. E o mais preocupante: muitas pessoas não percebem o quanto estão comprometidas cognitivamente pela privação crônica de sono. O cérebro, em um esforço para se manter funcional, pode entrar em microssonos — breves apagões de dois a dez segundos — mesmo durante atividades como dirigir ou operar máquinas.
“Com privação parcial de sono crônica, a capacidade de perceber nosso próprio nível de comprometimento não é mais precisa — pensamos que estamos bem quando realmente não estamos”, alerta a médica Indira Gurubhagavatula, professora de medicina do sono na Penn Medicine, da Filadélfia.
Esses lapsos podem resultar em erros graves e acidentes. Estima-se que cerca de 100 mil acidentes de trânsito por ano estejam relacionados à direção com sono, segundo dados da U.S. Office of Disease Prevention and Health Promotion.
Causas e sintomas: muito além de uma noite mal dormida
A sonolência excessiva pode ser sintoma de distúrbios do sono como apneia obstrutiva, insônia, narcolepsia, síndrome das pernas inquietas e distúrbios do ritmo circadiano. Outros fatores como dor crônica, uso de medicamentos e até o estilo de vida também impactam diretamente na qualidade do sono.
Entre os sintomas mais comuns estão:
- Cansaço constante e sem motivo aparente
- Dificuldade para se concentrar ou memorizar informações
- Irritabilidade, apatia ou falta de motivação
- Bocejos frequentes e sensação de mente “nebulosa”
- Queda no desempenho acadêmico ou profissional
- Cochilos involuntários ou necessidade excessiva de dormir ao longo do dia
Avaliação e tratamento
Para saber se a sonolência ultrapassou o limite do aceitável, os médicos utilizam a Escala de Sonolência de Epworth, que avalia a chance de a pessoa adormecer em diferentes situações cotidianas. Uma pontuação superior a 10 já é considerada clinicamente significativa e merece investigação.
Em muitos casos, a sonolência pode ser revertida com ajustes simples: melhorar a higiene do sono, reduzir o consumo de álcool ou cafeína, praticar atividade física regularmente e manter horários consistentes para dormir e acordar. Mas se os sintomas persistirem, o ideal é procurar ajuda médica especializada.
“Se alguém está experimentando sonolência excessiva durante o dia regularmente, deve discutir isso com seu médico”, reforça a Dra. Kristen Knutson, professora de neurologia da Universidade Northwestern.
A recomendação geral para adultos é dormir de sete a oito horas por noite, com qualidade e regularidade. Mais do que descanso, o sono é essencial para a regeneração do corpo, do cérebro e da saúde mental.




