Mark Zuckerberg causou polêmica ao afirmar, em depoimento à Justiça norte-americana nesta semana, que o Facebook “deixou de ser uma rede de amigos”. Segundo o CEO da Meta, a proposta original da plataforma foi completamente transformada nas últimas duas décadas e agora tem como foco principal a descoberta de conteúdo e o entretenimento. “A parte da amizade caiu bastante”, declarou no tribunal.
A afirmação veio à tona durante o primeiro dia de julgamento antitruste que pode forçar a Meta a vender o Instagram e o WhatsApp — duas de suas principais plataformas e fontes de receita bilionária. A ação, movida pela Comissão Federal de Comércio dos EUA (FTC), acusa a empresa de práticas anticompetitivas e uso abusivo de poder de mercado.
Uma proposta radical nos bastidores
Durante a audiência, o governo norte-americano expôs um e-mail enviado por Zuckerberg em 2022, no qual ele propõe uma ideia que chamou de “maluca”: apagar todas as conexões de amizade dos usuários e recomeçar o Facebook do zero, num modelo semelhante ao de seguidores, como ocorre no Instagram. A proposta não foi adiante após resistência da equipe, mas mostra uma guinada no modelo da rede social.
“Você tem noção de quanto trabalho daria para converter perfis em modelos de seguidores?”, escreveu Zuckerberg em resposta a um diretor da empresa, que havia classificado a sugestão como inviável.

Julgamento histórico pode mudar o futuro da Meta
O caso, que pode durar até oito semanas, é visto como um dos maiores confrontos entre o governo dos EUA e uma big tech nos últimos anos. A FTC argumenta que a Meta, ao adquirir Instagram e WhatsApp, neutralizou concorrentes e consolidou sua posição como monopólio — o que seria ilegal segundo as leis de concorrência americana.
Zuckerberg foi confrontado com e-mails antigos nos quais admite que o Instagram era uma ameaça competitiva e que sua aquisição serviria para “incorporar a dinâmica social” da plataforma ao Facebook. Apesar disso, o CEO nega que a compra tenha sido exclusivamente motivada para eliminar rivais.
Se perder o processo, a Meta pode ser obrigada a vender o WhatsApp — que hoje gera cerca de US$ 10 bilhões por ano — e o Instagram, responsável por metade da receita publicitária da empresa nos Estados Unidos.




