A morte repentina do Papa Francisco na segunda-feira de Páscoa, abriu espaço para uma disputa inédita pela liderança da Igreja Católica.
E, numa reviravolta histórica, o nome que mais tem ganhado força nas vésperas do conclave é o do cardeal congolês Fridolin Ambongo Besungu, de 64 anos, arcebispo de Kinshasa e uma das vozes mais influentes da Igreja na África.
Um líder africano em ascensão
Nascido em 1960 na vila de Boto, na República Democrática do Congo, Ambongo é frade capuchinho e doutor em Teologia Moral pela Academia Alfonsiana de Roma. Ordenado padre em 1988, passou por diversas dioceses até assumir a Arquidiocese de Kinshasa em 2018 — no mesmo ano em que foi nomeado cardeal por Francisco.
Reconhecido por seu posicionamento firme contra a corrupção e os resquícios do colonialismo, Ambongo tem se destacado como defensor da paz em uma das regiões mais instáveis do mundo. Essa trajetória, aliada ao crescimento do catolicismo no Sul Global, reacendeu a expectativa de que a Igreja eleja, pela primeira vez em mais de 1.500 anos, um papa negro.
Caminho incerto até a fumaça branca
Apesar da empolgação em torno de Ambongo, analistas do Vaticano ainda consideram improvável a eleição de um papa africano. O nome do cardeal ganês Peter Turkson, por exemplo, é citado com mais frequência nos bastidores como uma opção mais palatável ao colégio cardinalício. Mesmo assim, a força simbólica de um pontífice africano não passa despercebida entre os 133 cardeais votantes — um número recorde no conclave moderno.
As reuniões preparatórias, iniciadas logo após a morte do Papa Francisco, vêm abordando temas como os escândalos de abuso sexual, o papel social da Igreja e, mais recentemente, as finanças do Vaticano. “Há muito diálogo. O ambiente está muito tranquilo”, disse o cardeal colombiano Jorge Enrique Jiménez Carvajal ao chegar para a sétima rodada de conversas.
Conclave começa 7 de maio
A votação para a escolha do novo papa começa oficialmente no dia 7 de maio, na Capela Sistina, em Roma. Quatro votações por dia serão realizadas até que um candidato alcance o mínimo de dois terços dos votos — ou seja, 89 votos.
A expectativa entre os cardeais é de uma eleição rápida, como ocorreu com os dois papas anteriores, eleitos em apenas dois dias. Mas com o nome de Ambongo crescendo nos bastidores e a Igreja diante de desafios geográficos, políticos e sociais, o futuro sucessor de Francisco pode vir de onde menos se espera — e escrever um novo capítulo na história da Igreja Católica.