Durante entrevista ao jornal O Globo, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva surpreendeu ao sugerir uma nova abordagem para a Seleção Brasileira: montar uma equipe formada exclusivamente por jogadores que atuam no Campeonato Brasileiro. A declaração, dada no contexto da chegada do técnico italiano Carlo Ancelotti, ganhou repercussão internacional e dividiu opiniões no cenário esportivo.
“Gostaria de fazer uma experiência, de convocar os melhores jogadores do Campeonato Brasileiro. Os 22 melhores. Para ver o que dá. Acho que resultaria em um desempenho melhor ou igual [ao atual]”, afirmou o presidente.
Para Lula, a mudança serviria como um teste prático para medir a real capacidade dos jogadores do futebol nacional, que, segundo ele, têm sido pouco aproveitados nas convocações. A crítica também se estendeu à estrutura das seleções, que reúnem atletas apenas dias antes das competições, dificultando a formação de um time coeso.
Chegada de Ancelotti e o desafio à frente da Seleção
A declaração de Lula coincidiu com a oficialização de Carlo Ancelotti como novo técnico da Seleção Brasileira, anunciada pela CBF nesta semana. Em entrevista coletiva na Espanha, o treinador do Real Madrid confirmou que assumirá o comando da equipe a partir de 26 de maio, após sua última partida pelo clube espanhol.
“É oficial que a partir do dia 26 serei o treinador do Brasil”, afirmou Ancelotti, sem entrar em detalhes sobre suas ideias para o time, mantendo o foco no encerramento de sua trajetória no clube merengue.
A imprensa internacional destacou o tom crítico de Lula, embora o presidente brasileiro tenha reforçado não ter nada contra a contratação de um estrangeiro. Ele reconheceu a trajetória de Ancelotti, mas lamentou a “safra mais frágil” de jogadores brasileiros em comparação com gerações anteriores.
Repercussão internacional e crítica à gestão da CBF
Jornais europeus como o espanhol As e o português A Bola repercutiram amplamente as falas de Lula, enfatizando o descontentamento com o atual modelo de gestão da Seleção e a sugestão de montar uma equipe baseada no futebol nacional. A crítica ocorre num momento em que a CBF tenta consolidar Ancelotti como solução para um ciclo conturbado da Seleção pós-Copa de 2022.
Ao mesmo tempo, o anúncio antecipado da CBF gerou desconforto entre parte da imprensa espanhola, que criticou a ausência de um posicionamento oficial por parte do Real Madrid. A Gazzetta dello Sport, da Itália, classificou a situação como “surreal”.