Com a chegada do prazo final para entrega da declaração do Imposto de Renda 2025 — em 30 de maio — milhões de brasileiros ainda podem tomar atitudes para reduzir o valor a pagar ao Fisco ou até aumentar o valor da restituição. A chave está nas deduções previstas em lei, que, quando utilizadas corretamente, permitem que parte significativa dos rendimentos fique isenta de tributação.
Entre os principais gastos que podem ser abatidos estão despesas com saúde (sem limite de valor), educação (limitadas a R$ 3.561,50 por pessoa), previdência privada (até 12% da renda tributável, no caso do PGBL), contribuições ao INSS, dependentes (dedução anual de R$ 2.275,08 por pessoa) e doações incentivadas a projetos sociais.
Além disso, reformas em imóveis podem não ser abatidas diretamente, mas ajudam a reduzir a cobrança de imposto sobre ganho de capital no momento da venda do bem.
A Receita Federal oferece dois tipos de declaração: a simplificada, com desconto automático de 20% sobre a renda tributável (limitado a R$ 16.754,34 em 2025), e a completa, que permite inserir todas as despesas dedutíveis. Quem tem filhos, paga plano de saúde, colégio ou contribui para a previdência privada, geralmente se beneficia mais do modelo completo.
O próprio sistema da Receita Federal compara automaticamente os dois modelos e indica qual é mais vantajoso para o contribuinte.
Doações podem gerar benefício duplo: dedução e impacto social
Uma estratégia ainda pouco conhecida, mas bastante eficaz, é o uso de doações incentivadas. Até 6% do imposto devido pode ser destinado a instituições sociais aprovadas pela Receita Federal — como fundos da criança e do adolescente, fundos do idoso, projetos culturais e de incentivo ao esporte. A doação deve ser feita até a entrega da declaração e precisa ser comprovada por recibo oficial.
Além de reduzir a carga tributária, o contribuinte apoia projetos que geram impacto positivo em comunidades pelo Brasil. Para isso, é essencial:
- Verificar se a entidade está habilitada;
- Realizar a doação dentro do prazo;
- Guardar os comprovantes para anexar à declaração.
Organização e planejamento ao longo do ano são diferenciais
Para garantir os benefícios legais, é fundamental manter os comprovantes organizados durante o ano: recibos médicos, boletos escolares, extratos de previdência e comprovantes de doações. Esses documentos devem ser guardados por pelo menos cinco anos, prazo no qual a Receita pode solicitar comprovação.
Outra dica é analisar cuidadosamente a inclusão de dependentes. Se eles tiverem alta despesa médica ou escolar, a dedução pode compensar. No entanto, caso tenham rendimentos próprios elevados, a inclusão pode aumentar o imposto a pagar. Simulações ajudam a definir a melhor estratégia.
Nova faixa de isenção prevista para 2026 pode beneficiar milhões
Enquanto os brasileiros lidam com a declaração de 2025, uma possível mudança futura promete aliviar ainda mais o bolso do contribuinte. Um projeto de lei em tramitação no Congresso Nacional propõe aumentar a faixa de isenção do IR para quem ganha até R$ 5 mil por mês, a partir de 2026. Atualmente, estão isentos apenas os que recebem até R$ 2.259,20.
Se aprovado, o novo teto beneficiará mais 10 milhões de pessoas. Somado às mudanças dos últimos dois anos, estima-se que 20 milhões de brasileiros deixarão de pagar Imposto de Renda até o fim da atual gestão federal. Isso representa 65% dos declarantes totalmente isentos e cerca de 90% com isenção total ou parcial.