Mesmo com o 5G ainda em processo de expansão, a indústria global de telecomunicações já se prepara para a chegada da sexta geração da internet móvel, o 6G. De acordo com projeções da empresa sueca Ericsson, as primeiras redes 6G devem ser ativadas até 2030, com a Coreia do Sul se antecipando e planejando o início da operação comercial já em 2028. No Brasil, embora ainda não haja cronograma oficial, pesquisas e desenvolvimentos estão em andamento — inclusive com contribuições nacionais.
O 6G promete ir muito além de aumentar a velocidade da internet. A nova tecnologia foi pensada para atender não só os humanos, mas também máquinas inteligentes e sistemas integrados, criando uma verdadeira “infraestrutura digital sensível” que sustentará aplicações como realidade aumentada (AR), realidade virtual (VR), direção remota, jogos em nuvem e videoconferências de altíssima qualidade.
Segundo o relatório Ericsson Mobility Report, os principais requisitos para essas experiências incluem:
- Alta taxa de dados (como 30 Mbps para experiências XR);
- Latência ultra baixa (até 40 milissegundos);
- Confiabilidade superior (99% de sucesso nas transmissões).
Essas exigências serão ajustadas conforme o serviço — algo que deve orientar todo o projeto técnico da nova geração de redes.
Com metas globais de sustentabilidade, a Ericsson afirma que a 6G será uma peça-chave para alcançar a neutralidade de carbono até 2040. A proposta é que as redes e dispositivos 6G consumam ainda menos energia que as gerações anteriores. Diferente do 5G, que teve requisitos qualitativos de eficiência energética, o 6G terá metas quantitativas — ou seja, será necessário comprovar em números as economias obtidas.
Sensing e posicionamento: rede com olhos e precisão milimétrica
Uma das grandes inovações do 6G será a capacidade de “sentir” o ambiente. A tecnologia de sensing permitirá que a rede atue como um radar, detectando a presença, ausência e até o movimento de objetos como drones, veículos e pedestres — mesmo que eles não estejam conectados diretamente.
Além disso, o 6G deve possibilitar posicionamento tridimensional (3D) com extrema precisão. Isso será fundamental para aplicações em realidade mista, navegação, robótica e até situações de emergência. O sistema permitirá localizar objetos conectados em ambientes físicos digitais com exatidão muito superior à das tecnologias atuais.
Inovação brasileira: antenas que se autorreparam
A unidade brasileira da Ericsson, em parceria com a Universidade Federal do Pará (UFPA), desenvolveu uma tecnologia patenteada de autorreparo para antenas, pensada especialmente para o 6G. Chamada de Self-healing, a solução integra a futura Radio Stripes — uma fita adesiva com milhares de micro antenas flexíveis que pode ser aplicada em locais com alta concentração de pessoas, como estádios, aviões e ônibus.
Caso parte da fita ou de suas antenas seja danificada, o sistema redireciona automaticamente os sinais para outras partes operantes, evitando perda de conexão. A expectativa é que essa tecnologia esteja operacional também em 2030.