O governo dos Estados Unidos, liderado por Donald Trump, anunciou nesta quinta-feira (22) a revogação da autorização da Universidade Harvard para matricular estudantes internacionais. A medida afeta diretamente cerca de 6.800 alunos estrangeiros — a maioria em programas de pós-graduação — e poderá forçá-los a se transferir para outras instituições para não perder o visto de permanência legal no país.
O Departamento de Segurança Interna (DHS) alega que a universidade não entregou documentos solicitados, como registros disciplinares e gravações de protestos. Em carta enviada à instituição, a secretária do DHS, Kristi Noem, acusa Harvard de manter um “ambiente hostil para estudantes judeus”, além de alegar simpatia ao Hamas e adoção de políticas “racistas” de diversidade.
Estudantes afetados, como Fangzhou Jiang, da Harvard Kennedy School, expressaram choque e incerteza para BBC. “Nunca imaginei que o governo pudesse ir tão longe”, disse. A estudante Sophie Wu, aprovada para um mestrado neste outono, afirmou se sentir “refém de uma retaliação política”.
Impacto global e reação da universidade
Harvard reagiu prontamente, classificando a medida como ilegal e prejudicial à sua missão acadêmica. A universidade afirmou que está orientando os alunos afetados e se comprometeu a buscar medidas legais para reverter a decisão. Os estudantes que estão prestes a se formar poderão concluir seus cursos normalmente, mas os demais deverão buscar transferência para outras instituições. Já os novos alunos internacionais, que começariam em setembro, estão temporariamente impedidos de ingressar.
A decisão gerou forte reação internacional, especialmente da China — principal país de origem dos alunos estrangeiros em Harvard. O Ministério das Relações Exteriores chinês acusou os EUA de politizar a cooperação educacional e enfraquecer sua própria reputação global. Nas redes sociais chinesas, a medida foi vista como “autossabotagem” da excelência acadêmica americana.
A medida faz parte de uma política mais ampla do governo Trump, que vem endurecendo as regras de imigração e restringindo a presença de estudantes estrangeiros, especialmente os de origem chinesa. Desde seu primeiro mandato, Trump tem promovido ações para impedir a entrada de estudantes de áreas STEM (ciência, tecnologia, engenharia e matemática) oriundos de universidades ligadas ao exército chinês.