Os consumidores paraenses enfrentaram aumentos expressivos nos preços das frutas em maio de 2025, segundo levantamento do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese-PA). A alta nos preços foi observada tanto em feiras livres quanto em supermercados de Belém, com diversos produtos superando, e muito, a inflação acumulada no período — estimada em cerca de 5,50% nos últimos 12 meses.
Entre os destaques do mês, a melancia e o maracujá registraram os maiores reajustes. Veja os principais aumentos:
- Maracujá (kg): +25,36%
- Melancia (kg): +19,62%
- Abacaxi (unidade): +11,53%
- Abacate (kg): +10,54%
- Goiaba vermelha (kg): +7,01%
- Acerola (kg): +6,63%
- Banana prata (kg): +4,48%
- Limão (kg): +1,12%
Esses reajustes têm impacto direto no orçamento das famílias, especialmente entre os consumidores de menor renda que dependem de frutas como parte essencial da dieta alimentar.
Sazonalidade e clima elevam os preços
Segundo o supervisor técnico do Dieese-PA, Everson Costa, fatores como clima, logística e dependência de produção externa influenciam fortemente os preços das frutas na região.
“Boa parte dessas frutas não é produzida no estado. Elas vêm de outras regiões, e o custo do frete, aliado ao inverno amazônico, encarece ainda mais o preço para o consumidor”, explica.
As condições climáticas adversas afetam diretamente a colheita e o transporte dos alimentos, principalmente de produtos como o maracujá e a melancia, cuja produção é mais sensível à variação de temperatura e umidade. Além disso, problemas logísticos e aumento nos custos dos insumos agrícolas também contribuíram para os aumentos.
Impacto econômico e necessidade de políticas públicas
Além de afetar diretamente o bolso dos consumidores, a alta dos preços compromete o acesso a alimentos nutritivos e essenciais. Para o Dieese, é necessário pensar em soluções estruturais para diminuir a dependência externa da produção de frutas e aumentar a autonomia alimentar do estado.
“A médio e longo prazos, é preciso investir em políticas públicas que incentivem a produção local, especialmente na Região Metropolitana de Belém, onde o consumo é mais concentrado. Isso ajudaria a equilibrar os preços e reduzir as oscilações extremas”, afirma Everson Costa.
Sem essas medidas, a tendência é que os paraenses continuem vulneráveis a variações de preços que podem ultrapassar os 80%, como já foi registrado em casos anteriores com a melancia.