A partir do dia 16 de junho, entra em operação uma nova funcionalidade no sistema de pagamentos mais usado do Brasil: o Pix Automático. Desenvolvido pelo Banco Central (BC), o recurso permitirá que consumidores programem pagamentos recorrentes — como contas de energia, água, mensalidades escolares, academias e serviços de streaming — com apenas uma autorização inicial, sem precisar repetir o processo a cada cobrança.
Diferente do Pix tradicional e do Pix Agendado Recorrente, o Pix Automático pode ter valor fixo ou variável e será oferecido pelas empresas (pessoas jurídicas). O cliente apenas autoriza a cobrança, podendo cancelá-la ou editá-la diretamente no aplicativo do banco, de forma simples e sem burocracia.
Para começar a utilizar o Pix Automático, o usuário precisa:
- Ter uma chave Pix vinculada a uma conta bancária.
- Acessar o aplicativo da instituição financeira onde possui conta.
- Autorizar o pagamento recorrente proposto por uma empresa (via QR Code, link, notificação ou site da PJ).
- Definir o limite máximo por cobrança, a frequência (mensal, semanal, etc.), e se deseja usar crédito (como cheque especial) em caso de saldo insuficiente.
- Confirmar a autorização — podendo cancelá-la a qualquer momento.
Antes de cada cobrança, o usuário recebe uma notificação com o valor e a data do pagamento. Caso não concorde, poderá cancelar até 23h59 do dia anterior.
Se não houver saldo na conta, o sistema tentará repetir o débito por sete dias corridos. Caso o pagamento não seja concluído nesse prazo, ele será cancelado, e a dívida poderá gerar juros ou multa, conforme as regras da empresa recebedora.
Perspectivas e impacto no mercado
Segundo estimativas da fintech EBANX, o Pix Automático deve movimentar ao menos US$ 30 bilhões no comércio digital brasileiro nos próximos dois anos. Só em seu primeiro ano, espera-se uma injeção de US$ 2 bilhões com a migração de usuários que antes não conseguiam acessar serviços de assinatura.
Atualmente, 76,4% dos brasileiros usam o Pix, enquanto apenas 51,6% utilizam cartão de crédito e 32,8% recorrem ao débito automático. Com o lançamento da nova modalidade, o Banco Central espera reforçar a inclusão financeira e incentivar a modernização do sistema de pagamentos.
O Pix Automático mantém os mesmos padrões de segurança do Pix tradicional. Caso haja erro ou cobrança indevida, o usuário poderá acionar o Mecanismo Especial de Devolução (MED), com análise obrigatória por parte dos bancos envolvidos.
Além disso, apenas empresas com CNPJ ativo há mais de seis meses poderão oferecer o Pix Automático, o que visa reduzir riscos de fraudes.