Uma vacina contra um câncer parece um sonho, algo saído de um filme de tanto que foi esperada e desejada por milhões de pessoas ao redor do mundo. Mas então por que o imunizante anunciado pela Rússia este ano não está gerando tanta empolgação do meio científico? Vamos por partes.
No ano passado, o país anunciou que tinha desenvolvido uma vacina contra o câncer e que iria começar a distribuir as doses de forma gratuita para a sua população.
O governo russo explica que o imunizante usa a mesma tecnologia de vacinas contra a Covid-19 da Pfizer e da Moderna: a mRNA. “Com base na análise genética do tumor de cada paciente, é criada uma vacina única que pode ‘ensinar’ o sistema imunológico a reconhecer células cancerígenas”, explica o site do Centro Nacional de Pesquisa Médica Radiológica do ministério russo.
Por que vacina russa contra câncer gera tanta desconfiança?
Segundo a diretora da Agência Federal de Medicina e Biologia (FMBA, da sigla em inglês) russa, Veronika Skvortsova, a vacina passou por quase três anos de teste, mas não existem detalhes divulgados sobre a produção do imunizante. Também não se sabe para quais tipos de câncer ela será destinada, nem se ela já foi previamente testada em humanos.
Essa falta de transparência em outros meios científicos e o fato de que todas as informações saíram das mãos do governo russo, uma ditadura, explicam a desconfiança que o imunizante gera no meio científico, como explica Mariana Brait, gerente sênior de pesquisas do A.C.Camargo Cancer Center, em matéria do g1.
“Quando vemos um anúncio que não está baseado em dados científicos, temos a sensação de desserviço”, avalia Brait.