Uma nova hipótese científica está desafiando um dos pilares mais consolidados da cosmologia moderna: a teoria do Big Bang. Um estudo publicado na revista Physical Review D propõe que o Universo observável pode ter surgido não de uma explosão primordial, mas sim de um colapso gravitacional dentro de um buraco negro extremamente massivo.
Segundo os pesquisadores, liderados por físicos teóricos da Universidade de Estocolmo e apoiados por evidências observacionais, o que entendemos como Big Bang teria sido, na verdade, um “ricochete cósmico”, um rebote após o colapso de uma grande massa em uma singularidade gravitacional. Esse evento teria desencadeado uma expansão, dando origem a um novo universo — o nosso.
De singularidade à expansão: o “universo dentro do buraco negro”
Tradicionalmente, o Big Bang é entendido como o ponto de partida do tempo, espaço e matéria. Mas essa visão esbarra em um problema teórico: a singularidade inicial, onde a densidade e a temperatura do universo seriam infinitas, um cenário onde as leis conhecidas da física deixam de funcionar.
O novo modelo parte de uma abordagem mais conhecida na astrofísica: o colapso gravitacional que gera buracos negros. A proposta sugere que, sob determinadas condições quânticas, esse colapso não resultaria em uma singularidade infinita, mas sim em um “rebote” gravitacional, impulsionado pelo princípio de exclusão quântica, que impede que partículas idênticas ocupem o mesmo estado.
Essa transição provocaria uma fase de expansão exponencial, similar ao que a cosmologia chama de “inflação cósmica”, mas sem depender de campos hipotéticos não observados. O modelo também prevê a existência de energia escura como um subproduto natural desse processo.

Uma das maiores forças dessa teoria é que ela faz previsões observáveis e mensuráveis. Segundo os autores, o modelo prevê que o universo possui uma curvatura espacial positiva, ainda que pequena, algo que pode ser confirmado (ou refutado) por missões como a Euclid, da Agência Espacial Europeia.
Essa curvatura decorre da superdensidade inicial que desencadeou o colapso e é apontada como uma assinatura deixada pela transição gravitacional. O modelo também acerta previsões sobre a atual taxa de expansão do universo e pode oferecer pistas para os mistérios da matéria escura, formação de buracos negros supermassivos e estrutura galáctica.
Uma nova narrativa para a origem do Universo
Essa proposta inovadora ajuda a conectar o nascimento do universo à física de objetos já relativamente bem compreendidos, como os buracos negros. Ao invés de algo surgir do nada, como sugere o Big Bang, o universo atual seria uma continuação cíclica de eventos cósmicos anteriores, possivelmente dentro de um universo maior e mais antigo.
Essa ideia já circulava em algumas hipóteses da física teórica, mas agora ganha força com soluções matemáticas exatas, que não dependem de novas partículas ou dimensões extras. Isso aproxima o modelo da realidade observável e torna a sua validação científica mais factível nos próximos anos.