O governo federal anunciou na última sexta-feira (29) que o salário mínimo previsto para 2026 será de R$ 1.631, o que representa um acréscimo de R$ 113 em relação ao valor atual, de R$ 1.518. O reajuste equivale a 7,44% e foi calculado a partir da inflação acumulada mais um ganho real de 2,5%.
A proposta consta no Projeto de Lei Orçamentária Anual (PLOA), entregue pelo Executivo ao Congresso Nacional. Se confirmado, o novo valor começa a ser pago em janeiro, refletindo no contracheque dos trabalhadores a partir de fevereiro.
Segundo o Dieese, o salário mínimo serve de referência para 59,9 milhões de brasileiros, entre trabalhadores formais, aposentados e beneficiários de programas sociais como o Benefício de Prestação Continuada (BPC).
O aumento, portanto, terá reflexo direto não só no poder de compra, mas também na despesa pública. Isso porque, pela lei, nenhum benefício previdenciário ou trabalhista pode ser inferior ao piso nacional.
Peso nas contas do governo
O impacto nas finanças da União será significativo. Pelos cálculos do Ministério do Planejamento e Orçamento, cada R$ 1 de aumento no salário mínimo gera um gasto extra de cerca de R$ 430 milhões por ano. Assim, o reajuste anunciado deve adicionar dezenas de bilhões de reais às despesas obrigatórias em 2026.
Com a elevação, sobra menos espaço para os chamados gastos “discricionários”, aqueles que podem ser manejados livremente pelo governo — como investimentos em infraestrutura, cultura e programas sociais fora da área previdenciária.
O PLOA também prevê que, em 2026, o Produto Interno Bruto (PIB) crescerá 2,44%, enquanto a inflação ficará em 3,6%. Para a saúde, a proposta reserva R$ 245,5 bilhões; para a educação, R$ 133,7 bilhões; e para investimentos, R$ 83 bilhões.
Uma novidade apontada pelo consultor-geral de Orçamento do Senado, Flávio Luz, é a chamada “orçamentação de médio prazo”, que permite projetar despesas até 2029. A medida amplia a transparência e ajuda parlamentares e sociedade a compreenderem os compromissos futuros do governo.
O que vem pela frente
O projeto começa a tramitar na Comissão Mista de Orçamento (CMO), sob relatoria do deputado Isnaldo Bulhões Jr. (MDB-AL). Após audiências públicas e apresentação de emendas, o texto precisa ser votado pelo Plenário do Congresso até 22 de dezembro.
Apesar do anúncio, o valor definitivo do salário mínimo só será conhecido em dezembro, quando o INPC de novembrofor consolidado. Isso porque a lei sancionada em 2023 determina que o reajuste combine a inflação do período com o crescimento do PIB de dois anos antes — no caso de 2026, os 3,4% de 2024.