O Banco Central anunciou, nesta quarta-feira (4), durante o evento Conexão Pix em São Paulo, a criação da nova versão do Mecanismo Especial de Devolução (MED), ferramenta usada para reaver valores transferidos via Pix em casos de fraude. A novidade, chamada de MED 2.0, será opcional para os bancos a partir de dezembro de 2025 e obrigatória a partir de fevereiro de 2026.
A grande inovação do MED 2.0 está na possibilidade de rastrear, congelar e devolver valores mesmo após múltiplas transferências. Hoje, o MED só bloqueia os valores que ainda estiverem na conta de destino. Como os golpistas costumam repassar rapidamente os recursos para outras contas, apenas 7% dos valores são recuperados. Com a nova versão, esse número deve subir expressivamente.
“O MED 2.0 permitirá congelar recursos em camadas mais profundas da cadeia de transferências, aumentando as chances de reembolso para quem foi lesado”, explicou Renato Gomes, diretor de Organização do Sistema Financeiro do BC.
Segurança e evolução do sistema
O presidente do Banco Central, Gabriel Galípolo, ressaltou que essas atualizações são parte de um plano maior de evolução contínua do Pix, cujo foco é ampliar a inclusão financeira, garantir mais segurança e fomentar inovação no mercado.
Lançado em 2020, o Pix se consolidou como o principal meio de pagamento do Brasil. Em 2024, ele foi responsável por 47% das transações financeiras no país (excluindo operações em dinheiro vivo), e já ultrapassa 854 milhões de chaves cadastradas.
Atualmente, o cliente que identifica uma transação via Pix feita por fraude pode acionar o MED diretamente com o banco. O sistema verifica se o valor ainda está disponível na conta de destino e, se sim, bloqueia os recursos para devolução.
Com o MED 2.0, será possível alcançar até mesmo contas intermediárias, que tenham recebido parte do valor, elevando significativamente o índice de recuperação de valores.