Uma ideia simples e criativa tem mudado a rotina de motoristas de aplicativo em várias partes do Brasil. Diante da queda na remuneração das plataformas de mobilidade, condutores da Uber e da 99 passaram a transformar seus veículos em mini lojas ambulantes, vendendo de perfumes e maquiagens a lanches e carregadores de celular. Segundo reportagem do Diário do Nordeste, há motoristas em Fortaleza que chegam a faturar até R$ 7 mil por mês com as vendas — o dobro do que ganham apenas com as corridas.
Em Fortaleza, o motorista Hildebrando Vieira, de 40 anos, viu a renda da família mudar após instalar uma pequena loja no interior do carro. Ele exibe os produtos — principalmente perfumes similares a marcas importadas — em uma estante adaptada atrás do banco do carona.
“Não me arrependo do investimento”, contou ao Diário do Nordeste. “Nos meses ruins, tiro de R$ 3 mil a R$ 4 mil, e nos meses bons chego a R$ 7 mil. Somando com o que minha esposa fatura, chegamos a uns R$ 10 mil.”
A esposa, Érika Teixeira, também é motorista de aplicativo e seguiu os passos do marido. Ela trocou o antigo carro, um Kwid, por um Argo, com mais espaço para montar sua própria loja móvel.
“Agora conseguimos colocar a lojinha que ele tinha feito. É um pouco menor, mas também fatura bem”, afirmou.
Perfumes no banco de trás em Belo Horizonte
Situação parecida vive o jovem Wendel Henrique, de 22 anos, morador de Contagem (MG). Em entrevista ao portal O Tempo, ele contou que começou a vender réplicas de perfumes internacionais dentro do carro há pouco mais de um ano — e o sucesso foi imediato.
“Na primeira semana, vendi tudo o que deixei à mostra”, relembrou. “Depois disso, comprei mais mercadoria e comecei a vender muito.”
De acordo com o Cebrap (Centro Brasileiro de Análise e Planejamento), mais de 2 milhões de brasileiros trabalham atualmente em aplicativos de transporte, com rendimentos médios entre R$ 3 mil e R$ 4,4 mil. Por isso, estratégias como a de Wendel têm se tornado uma alternativa real para complementar o orçamento.
“Como transformar uma corrida de R$ 10 em R$ 40”
Em Curitiba, o paulista Anderson Araújo da Silva, de 32 anos, adotou o mesmo modelo e se tornou conhecido por sua “lojinha sobre rodas”. Em conversa com o Bem Paraná, ele contou que o objetivo era simples: aumentar o faturamento e fidelizar os clientes.
“Eu pensei: ‘como posso fazer a corrida de R$ 10 virar R$ 30, R$ 40?’”, disse. “Aí foquei nos produtos femininos, que vendem mais. Perfumes e maquiagens são os campeões.”
Anderson instalou uma tela para publicidade e até um globo de luz no teto do carro — atraindo a atenção dos passageiros, especialmente os que vão para festas. Ele diz que, em dias de maior movimento, como quinta a domingo, chega a vender de R$ 200 a R$ 400 em produtos por dia.
Criatividade e resistência na rotina dos motoristas
A tendência das “lojinhas sobre rodas” mostra como os motoristas têm encontrado formas criativas de enfrentar a redução dos ganhos nas plataformas de mobilidade. Além de gerar renda extra, a estratégia ajuda a criar relacionamento e fidelidade com os passageiros — muitos deles voltam a chamar o mesmo motorista para novas compras.




