A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) emitiu um alerta urgente sobre os riscos à saúde causados por produtos de alisamento capilar irregulares, após uma fiscalização realizada no estado de São Paulo. A ação, batizada de “Operação Alisamento Seguro”, identificou falhas graves em sete empresas fabricantes, incluindo o uso de substâncias proibidas como ácido glioxílico, que pode causar problemas respiratórios severos.
A ação foi conduzida em parceria com as Vigilâncias Sanitárias estadual e municipais. Das sete empresas inspecionadas, cinco foram interditadas imediatamente por violarem normas básicas de segurança e fabricação. Os principais problemas incluem:
- Uso de matérias-primas vencidas ou sem identificação
- Equipamentos sem manutenção ou usados em locais inadequados, como cozinhas
- Ausência de licença sanitária e documentação técnica
- Empresas fictícias que “regularizavam” produtos de terceiros sem controle sobre a qualidade
Ácido glioxílico e formol: substâncias proibidas
Um dos achados mais preocupantes foi a presença de ácido glioxílico, substância proibida para a função de alisamento capilar. Embora seja usada legalmente em outros contextos cosméticos, o ácido, quando aquecido, libera gases tóxicosque podem causar:
- Crises respiratórias
- Queimaduras nas vias aéreas
- Problemas oculares e dermatológicos
Em uma das empresas, a Anvisa detectou o recebimento de 35 toneladas de ácido glioxílico sem registro de origem ou controle de destino, comprometendo qualquer possibilidade de rastreabilidade — item essencial em caso de contaminação.
O uso desse tipo de substância para alisamento não é aprovado pela Anvisa, assim como o formol, que também é amplamente conhecido por seus efeitos tóxicos quando usado para alisar cabelos.
Produtos foram suspensos e empresas multadas
Como resultado imediato, a Anvisa publicou duas resoluções no Diário Oficial da União em 2 de julho:
- Resolução RE 2.442/2025: cancelou o registro de diversos produtos alisantes irregulares
- Resolução RE 2.443/2025: determinou a suspensão da fabricação, distribuição e uso dos produtos, além do recolhimento dos lotes no mercado
Além disso, a agência determinou que eventuais recursos administrativos não terão efeito suspensivo, garantindo que as interdições e proibições continuem válidas mesmo durante possíveis disputas jurídicas.
Anvisa reforça alerta ao consumidor
O alerta da Anvisa é claro: nenhum produto com função de alisamento pode ser apenas “notificado” — é obrigatória a etapa de registro, que envolve análise rigorosa de segurança e eficácia. Produtos fora dessa regra não são seguros e devem ser evitados pelos consumidores e salões de beleza.
A recomendação é que profissionais e consumidores:
- Verifiquem se o produto tem registro válido na Anvisa
- Evitem alisantes com formol ou ácido glioxílico
- Desconfiem de alisantes sem rótulo claro, procedência definida ou registro sanitário
A Anvisa disponibiliza um sistema online para consulta de produtos regularizados em seu site oficial. Denúncias podem ser feitas de forma anônima por meio do Fala.BR.