Um novo relatório internacional divulgado em 13 de outubro de 2025 acendeu o alerta máximo entre a comunidade científica. Segundo o Global Tipping Points Report 2025 (GTPR 2025), elaborado por mais de 160 pesquisadores de 20 países, o planeta já ultrapassou o primeiro de uma série de pontos críticos do sistema climático — um processo que, segundo os especialistas, marca o início do colapso ambiental global.
Os recifes de coral tropicais foram identificados como o primeiro ecossistema a cruzar um limite considerado irreversível. O estudo aponta que, com o atual aquecimento médio de 1,4°C acima dos níveis pré-industriais, esses recifes já enfrentam uma mortalidade sem precedentes, resultado direto de sucessivos episódios de branqueamento. “Mais de 80% das estruturas estão comprometidas”, alertam os cientistas, lembrando que essas formações são fundamentais para a vida marinha e para a economia costeira.
O relatório explica que o planeta abriga cerca de duas dezenas de “pontos de inflexão” — sistemas naturais que, ao ultrapassarem certos limites de temperatura, entram em colapso irreversível. O mais alarmante, segundo os pesquisadores, é que o desequilíbrio de um desses sistemas pode acelerar o colapso de outros.
“Os impactos de cruzar esses pontos representam uma ameaça massiva para a sociedade humana. Há risco real de um efeito dominó climático, especialmente quando o aquecimento ultrapassa 1,5°C”, afirmou o físico climático Nico Wunderling, da Universidade Goethe, na Alemanha, um dos autores principais do estudo.
Entre os sistemas em risco, o relatório cita:
- As calotas polares da Groenlândia e da Antártida Ocidental, cuja fusão pode elevar o nível do mar em vários metros;
- A Amazônia, que já mostra sinais de savanização com o aumento da temperatura e o desmatamento;
- A circulação oceânica do Atlântico (AMOC), responsável por regular o clima da Europa e outras regiões, que pode entrar em colapso com menos de 2°C de aquecimento global.
“O tempo está se esgotando”
O coordenador do relatório, Tim Lenton, diretor do Global Systems Institute da Universidade de Exeter (Reino Unido), afirma que a humanidade está “se aproximando rapidamente de múltiplos pontos de inflexão simultâneos”. O pesquisador alerta que os modelos climáticos tradicionais ainda subestimam a velocidade e a intensidade dessas mudanças.
Segundo Lenton, caso o aquecimento continue no ritmo atual, a reversão de danos em larga escala se tornará impossível. “Estamos entrando em uma era em que o passado não serve mais como referência para o futuro. O sistema climático está mudando de forma não linear e imprevisível.”
Ainda há tempo para agir
Apesar do tom de urgência, o relatório ressalta que é possível limitar o impacto de novos colapsos com ações imediatas de mitigação. A transição acelerada para energias renováveis, a redução de emissões e o fim do desmatamento são medidas consideradas essenciais.
Os autores também destacam que “pontos de inflexão positivos” podem ser alcançados — transformações rápidas e autossustentáveis rumo a um modelo global de baixo carbono. “O destino do planeta ainda pode ser moldado pelas decisões que tomarmos agora”, conclui o documento.




