Eike Batista, que já foi o homem mais rico do Brasil e chegou a figurar entre as maiores fortunas do mundo, voltou a chamar atenção ao comentar a possível venda de um megaprojeto avaliado em cerca de R$ 26 bilhões. A reaparição reacende a trajetória de um empresário que, em pouco mais de uma década, saiu do topo do mercado global para o colapso financeiro, prisões e condenações judiciais.
Em 2012, Eike Batista tinha um patrimônio estimado em US$ 30 bilhões, segundo a revista Forbes, o que o colocava como a sétima pessoa mais rica do planeta. O coração de seu império era a OGX, petroleira criada para explorar o potencial do pré-sal brasileiro.
O cenário começou a ruir em 2013, quando a OGX anunciou a desistência de operações na Bacia de Campos e interrompeu a construção de plataformas. As ações, que já vinham em queda, despencaram de vez. Em outubro daquele ano, os papéis chegaram a R$ 0,13, três anos após atingirem o pico de R$ 23,27.
A derrocada da OGX provocou um efeito dominó nas demais empresas do grupo EBX. Em pouco tempo, a fortuna de Eike encolheu para cerca de R$ 3 bilhões, aproximadamente 10% do que era pouco mais de um ano antes.
Prisões, condenações e descrédito no mercado
Com a confiança do mercado abalada, Eike passou a vender ativos e perdeu o controle de suas companhias. Em 2017, foi condenado a 30 anos de prisão por corrupção ativa e lavagem de dinheiro, em um processo que envolveu o pagamento de US$ 16,5 milhões em propina ao ex-governador do Rio de Janeiro, Sérgio Cabral.
Além disso, o empresário foi investigado por crimes como manipulação de mercado e uso de informação privilegiada. Ao longo dos anos seguintes, chegou a ser preso duas vezes no âmbito da Operação Lava-Jato.
O megaprojeto que pode render R$ 26 bilhões
O retorno de Eike ao noticiário ocorreu após ele comentar, em um vídeo publicado no Instagram, a possível venda de dois empreendimentos idealizados durante o auge do grupo EBX: o Porto Sudeste, no Rio de Janeiro, e a mina Morro do Ipê, em Minas Gerais.
Segundo o empresário, os ativos devem ser negociados em 2026 por cerca de US$ 5 bilhões (aproximadamente R$ 26 bilhões). “Só os royalties anuais ultrapassam 150 milhões de dólares”, afirmou Eike no vídeo, ao destacar o potencial econômico do projeto.
A operação é conduzida pelos bancos UBS e Goldman Sachs e atualmente os ativos pertencem à Mubadala Capital, fundo soberano de Abu Dhabi, e à Trafigura, gigante global de commodities. A expectativa é que propostas não vinculantes sejam apresentadas no primeiro trimestre de 2026.
Quem é Eike Batista
Nascido em Governador Valadares (MG), em 1956, Eike Fuhrken Batista da Silva passou parte da infância e juventude na Europa, onde iniciou estudos em engenharia e deu os primeiros passos como empreendedor. Fluente em quatro idiomas, construiu carreira no setor de mineração antes de criar o conglomerado EBX, marcado pelo uso da letra “X”, que ele associava à multiplicação de riqueza.
Seu modelo de negócios se baseava em identificar projetos promissores, estruturar ativos e vendê-los com lucro — estratégia que funcionou por décadas, mas entrou em colapso quando vários projetos imaturos avançaram simultaneamente, sem geração de caixa suficiente.




