Preso temporariamente nesta semana durante operação da Polícia Civil do Rio de Janeiro, o cantor MC Poze do Rodo fez um único pedido às autoridades ao chegar ao Complexo Penitenciário de Gericinó, em Bangu: que fosse colocado na ala reservada a membros do Comando Vermelho (CV), facção com a qual tem ligações.
Segundo fontes da Polícia Civil, Poze — cujo nome verdadeiro é Marlon Brendon Coelho Couto — manifestou receio de ser encaminhado a uma ala dominada por rivais do Terceiro Comando Puro (TCP), que mantém conflito armado com o CV em diversas comunidades do Rio.
A preocupação do artista não é recente. Em outras ocasiões, ele já havia recusado shows em territórios dominados por facções rivais. Em 2021, foi ameaçado de morte e teve um show cancelado pela Secretaria da Segurança Pública da Bahia (SSP-BA), por risco de confronto entre facções.
Investigações da Delegacia de Repressão a Entorpecentes (DRE) apontam que Poze mantinha uma relação próxima com integrantes da cúpula do CV, inclusive ajudando a promover a facção por meio de shows e de sua imagem pública.
Prisão temporária e investigações
A prisão temporária foi decretada com base em provas consideradas robustas sobre o envolvimento de Poze com a organização criminosa. As autoridades alegam que seus shows, realizados em favelas controladas pelo CV, contavam com traficantes armados com fuzis e promoviam o fortalecimento financeiro da facção.
As músicas, segundo o inquérito, fazem apologia ao tráfico, uso de armas e incitam confrontos entre facções. A polícia afirma que os eventos são usados para elevar a venda de drogas e financiar a compra de armamentos.
Pouco antes da prisão, Poze chegou a comemorar em suas redes sociais a devolução de carros de luxo e joias apreendidos em novembro de 2024. A decisão foi proferida pelo juiz Thales Nogueira, da 1ª Vara Criminal Especializada em Organização Criminosa, que aceitou parcialmente o pedido da defesa.
Entre os itens liberados estão veículos como Land Rover, BMW e Honda HR-V, além de joias. O processo segue em segredo de Justiça.
A operação da DRE segue em curso, com o objetivo de identificar outros envolvidos e financiadores diretos dos eventos realizados pelo artista. O foco está em desarticular a rede de apoio financeiro e logístico à facção criminosa.