O governo de Donald Trump intensificou, nesta quinta-feira (14), as sanções contra o Brasil. Após impor tarifas de 50% a produtos importados, a nova medida tem como alvo o programa Mais Médicos. Em publicações nas redes sociais, a Embaixada dos Estados Unidos no Brasil classificou a iniciativa como um “golpe diplomático” que teria explorado médicos cubanos, enriquecendo o “regime cubano corrupto” e sendo acobertada por autoridades brasileiras e ex-funcionários da Organização Pan-Americana da Saúde (Opas).
A ofensiva ocorre um dia depois de Washington revogar e restringir os vistos de Mozart Júlio Tabosa Sales, atual secretário de Atenção Especializada à Saúde, e de Alberto Kleiman, ex-assessor do Ministério da Saúde e hoje diretor da Organização do Tratado de Cooperação Amazônica (OTCA) para a COP30.
Segundo o Departamento de Estado, ambos “desempenharam papel no planejamento e implementação” do programa entre 2013 e 2018, quando o Brasil contratou médicos cubanos via acordo com a Opas. A medida se estende também a familiares dos atingidos.
Fontes ligadas ao governo norte-americano indicam que outros nomes, como o da ex-presidente Dilma Rousseff e do atual ministro da Saúde, Alexandre Padilha, podem ser alvo de restrições futuras.
Programa em números e mudanças recentes
Criado em 2013, durante o governo Dilma, o Mais Médicos leva profissionais de saúde a regiões remotas e cidades com dificuldade de contratação. No auge, em 2014, contou com 18.240 médicos em mais de 4 mil municípios, boa parte deles cubanos. Após a saída de Havana do programa em 2018, a atual gestão priorizou brasileiros. Hoje, 92,25% dos 24,9 mil médicos ativos são nacionais.
Acusações e impacto diplomático
As declarações da Embaixada dos EUA reiteram a posição de Washington contra a exportação de mão de obra médica por Cuba, prática que considera “trabalho forçado”. O endurecimento das medidas amplia a tensão diplomática entre os dois países, que já vinha se elevando desde a adoção das tarifas comerciais.
Mais Médicos segue em vigor, atendendo populações vulneráveis e reforçando a Estratégia Saúde da Família, mas volta a ser centro de um embate geopolítico que mistura saúde pública e política externa.