O Brasil iniciou o semestre com um dado que evidencia a dimensão da vulnerabilidade social no país: 94 milhões de pessoas entre 15 e 64 anos estão cadastradas no Cadastro Único (CadÚnico), porta de entrada para benefícios como o Bolsa Família. Isso representa cerca de 44% da população — praticamente metade do país dependente, em algum nível, da rede de assistência federal.
Entre os cadastrados, 57% têm no Bolsa Família sua principal fonte de renda, reforçando o peso da pobreza estrutural. Ao mesmo tempo, o programa segue influenciando a dinâmica do emprego no país.
De janeiro a julho, o Brasil registrou 1,49 milhão de novos empregos formais, um avanço de 27% em relação ao ano anterior e o melhor desempenho desde a pandemia. Mas 77% dessas vagas foram ocupadas por pessoas inscritas no CadÚnico — déficit que revela tanto a maior inclusão produtiva quanto a persistência da baixa qualificação e de salários reduzidos. A remuneração média dos novos postos é de R$ 2.161,37.
Estudo mostra que metade dos jovens deixou o programa em 12 anos
Um levantamento do Instituto Mobilidade e Desenvolvimento Social (Imds) acompanhou 15,5 milhões de jovens que eram dependentes do Bolsa Família em 2012. Após 12 anos:
- 48,9% (7,6 milhões) saíram completamente do Cadastro Único;
- 17,6% (2,7 milhões) deixaram o Bolsa Família, mas permaneceram no CadÚnico;
- 33,5% (5,2 milhões) continuavam no programa, indicando manutenção de vulnerabilidade.
O estudo aponta que a saída do programa está associada a condições iniciais mais favoráveis. Jovens alfabetizados, que já trabalhavam ou com melhores condições domiciliares em 2012 tiveram maior probabilidade de ascensão. O sexo masculino foi o fator individual mais determinante para o desligamento ao longo do tempo.
O perfil do grupo acompanhado incluía maioria de jovens pardos e pretos (73,4%), alto índice de defasagem escolar (27,4%) e condições domiciliares precárias — 14,3% viviam em casas com materiais frágeis e apenas 40,4% tinham acesso à rede de esgoto.




