O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) não estará entre as autoridades brasileiras que participarão do funeral do papa Francisco, marcado para este sábado (26), em Roma. Durante os 12 anos de papado, o pontífice argentino recebeu todos os presidentes brasileiros em exercício — exceto Bolsonaro.
Luiz Inácio Lula da Silva (PT), Dilma Rousseff (PT) e Michel Temer (MDB) estiveram com o papa em diferentes ocasiões, tanto no Vaticano quanto em eventos internacionais. Bolsonaro, por outro lado, manteve relação distante com Francisco, marcada por divergências públicas sobre a Amazônia e pela ausência de encontros oficiais.
A única vez em que um membro da família Bolsonaro esteve próximo ao papa foi em 2019, quando Michelle Bolsonaro participou de um evento com primeiras-damas latino-americanas no Vaticano. A participação foi coletiva e não incluiu encontro reservado com o pontífice.
Divergências e críticas
O relacionamento entre Bolsonaro e o papa foi marcado por tensões. Em 2019, Francisco publicou mensagem nas redes sociais defendendo a preservação da Amazônia e os direitos dos povos indígenas. Bolsonaro rebateu a declaração em uma live, dizendo que o pontífice estava equivocado.
Na mesma época, o governo brasileiro determinou que a Agência Brasileira de Inteligência (Abin) monitorasse o Sínodo da Amazônia, encontro realizado no Vaticano com foco em questões ambientais. A medida foi interpretada como receio de interferência da Igreja nos assuntos internos do Brasil.
Comitiva confirmada
A comitiva brasileira será liderada pelo presidente Lula, que viajará ao lado da primeira-dama, Rosângela da Silva, a Janja. Também estão confirmados os presidentes da Câmara dos Deputados, Hugo Motta (Republicanos-PB), do Senado, Davi Alcolumbre (União-AP), e do Supremo Tribunal Federal (STF), Luís Roberto Barroso.
O grupo embarca na noite de quinta-feira (24) e deve retornar ao Brasil logo após a cerimônia de sepultamento, que ocorrerá na Basílica de Santa Maria Maior, em Roma.
Entre os líderes brasileiros, Lula foi quem mais se aproximou do papa Francisco. Em 2020, quando ainda não havia retornado à presidência, visitou o Vaticano para discutir combate à fome e desigualdade. Os dois voltaram a se encontrar em 2023 e 2024, em agendas que abordaram temas como a guerra na Ucrânia e mudanças climáticas.
Em 2019, o pontífice chegou a enviar uma carta a Lula enquanto o então ex-presidente estava preso em Curitiba (PR).
Nota de pesar
Mesmo sem participar do funeral, Bolsonaro publicou mensagem no X (ex-Twitter) lamentando a morte de Francisco. No texto, destacou o papel simbólico do papado como “guardião de valores espirituais” e chamou o líder religioso de “figura de unidade, esperança e orientação moral”.
O papa Francisco morreu na segunda-feira (21), aos 88 anos, vítima de um AVC seguido de insuficiência cardíaca. O Vaticano divulgou nota oficial enaltecendo sua dedicação aos pobres e à Igreja, e pedindo orações por sua alma.
