O Benefício de Prestação Continuada (BPC), auxílio mensal de um salário mínimo pago a idosos de baixa renda e pessoas com deficiência, deverá passar por um aumento histórico nas próximas décadas. De acordo com projeções do Ministério do Desenvolvimento Social (MDS) incluídas no Projeto de Lei de Diretrizes Orçamentárias (PLDO) de 2026, o número de beneficiários saltará de 6,7 milhões em 2026 para 14,1 milhões em 2060 — um crescimento de 111%.
Esse avanço reflete principalmente o envelhecimento da população brasileira, além da persistente vulnerabilidade social e informalidade no mercado de trabalho, que impedem o acesso à aposentadoria tradicional.
Com o crescimento no número de beneficiários, a projeção de custo do BPC também dispara. O valor deve subir de R$ 133,4 bilhões em 2026 para R$ 1,5 trilhão em 2060, o que representa uma elevação de 11 vezes nas despesas.
Esse cenário preocupa o governo, que já incluiu o programa no anexo de revisão de gastos do PLDO. A expectativa é que medidas de controle e revisão de cadastros possam gerar uma economia de R$ 15,4 bilhões entre 2025 e 2029.
Judicialização e falta de foco preocupam o governo
Além do crescimento demográfico, o governo aponta a judicialização crescente como um fator que contribui para a elevação das concessões. Segundo o secretário-executivo do Ministério da Fazenda, Dario Durigan, a derrubada de vetos presidenciais e decisões judiciais têm aumentado os gastos e dificultado o controle orçamentário. Ele defende a padronização nas concessões via Justiça para evitar distorções.
Atualmente, as pessoas com deficiência representam a maioria dos beneficiários do BPC. No entanto, segundo os dados do MDS, a projeção demográfica indica uma inversão a partir de 2045, quando os idosos deverão passar a representar a maior parte dos beneficiários. Em 2060, serão 7,9 milhões de idosos e 6,2 milhões de pessoas com deficiência recebendo o benefício.
Essas projeções consideram cenários realistas de concessões e cessação dos benefícios, baseando-se nos critérios da Previdência Social e nas tendências demográficas do país.
Governo defende ampliação como avanço social
Apesar das preocupações fiscais, o MDS argumenta que o aumento do número de beneficiários também se deve à modernização da gestão do programa e a mudanças legislativas que ampliaram o acesso. A pasta destaca que o BPC é indexado ao salário mínimo, o que fortalece sua capacidade de combate à desigualdade.
Para o governo, o crescimento do programa deve ser visto como uma resposta à crescente demanda social, principalmente diante do envelhecimento da população e da inclusão de pessoas em situação de vulnerabilidade.