O Bradesco anunciou nesta sexta-feira (26) uma parceria com a Neoway, empresa de inteligência de dados da B3. O anúncio foi oficializado em cerimônia na bolsa de valores, marcada pelo tradicional toque de campainha.
A iniciativa integra o portfólio da área de Custódia e Serviços Financeiros do Bradesco e tem como público-alvo as companhias emissoras listadas na bolsa. O objetivo é oferecer relatórios analíticos completos para departamentos de Relações com Investidores (RI), que hoje enfrentam demandas mais complexas na análise e interpretação de informações.
“Em vez de oferecer apenas a informação bruta, entregamos dados já organizados, que permitem ao RI construir o contexto que deseja enxergar”, destacou Luis Claudio Pereira, diretor do Bradesco.
O que muda para as empresas listadas
Com a integração tecnológica entre Bradesco e Neoway, relatórios antes restritos a informações isoladas passam a se transformar em painéis analíticos.
As funcionalidades incluem:
- Acompanhamento da base acionária;
- Identificação de investidores relevantes;
- Segmentação por perfis (fundos, institucionais, estrangeiros e pessoas físicas);
- Monitoramento comparativo com empresas pares;
- Identificação de gestores de mercado potenciais para captação de recursos.
A ferramenta também facilita o contato direto entre RIs e investidores estratégicos, distinguindo se o capital que entra em determinada companhia tem perfil de curto ou longo prazo.
“Os profissionais de RI passaram a ser exigidos na depuração e avaliação de dados com extrema velocidade. Essa solução chega para potencializar esse trabalho e gerar valor”, explicou Fabio Tomo, superintendente comercial do Bradesco.
Mercado em recuperação e números da B3
A parceria foi anunciada em um momento de recuperação gradual do mercado acionário brasileiro. Segundo levantamento da DataWise+ (plataforma da B3 em conjunto com a Neoway), as instituições financeiras movimentaram R$ 68,6 bilhões em ações no primeiro semestre de 2025, um crescimento de 16% em relação ao início do ano.
As empresas mais negociadas no período foram Vale, Petrobras e Banco do Brasil, que juntas responderam por 22% do volume total. Em seguida vieram B3, Itaú, Localiza, Bradesco, RD Saúde, BTG Pactual e Suzano.
“A composição do ranking mostra um apetite renovado por setores de commodities, financeiro e infraestrutura”, avaliou Diego Araújo, head da unidade de Mercado de Capitais da Neoway.
Custódia, ADRs e liderança regional
O Bradesco atende atualmente cerca de 300 companhias emissoras, com mais de mil emissões em andamento. No segmento de custódia e controladoria, responde por R$ 2,5 trilhões em ativos custodiados e R$ 4,1 trilhões em controladoria, volumes equivalentes a 20% e 23% de participação de mercado, segundo dados da Anbima.
O banco também lidera a custódia de ADRs (American Depositary Receipts), com R$ 266 bilhões em ativos sob gestão e mais de 66% de market share nesse nicho.
Reconhecido pelo terceiro ano consecutivo como melhor Sub-Custodiante da América Latina pela revista Global Finance, o Bradesco destaca-se ainda pelo pioneirismo. Em 1979, foi o primeiro banco a substituir certificados em papel por registros eletrônicos de ações, marco que abriu caminho para a modernização da custódia no país.