O Brasil acaba de consolidar uma posição de destaque no cenário geopolítico global ao se tornar o segundo país com maiores reservas de terras raras do mundo, somando 21 milhões de toneladas — ficando atrás apenas da China, mas superando Estados Unidos, Rússia e Canadá.
Esses minerais, considerados vitais para a indústria de alta tecnologia e para a transição energética, podem transformar o Brasil em um ator central em negociações internacionais, especialmente em meio às tensões crescentes entre as grandes potências.
De acordo com o Serviço Geológico do Brasil (SGB), o grupo das terras raras é formado por 17 elementos químicos, incluindo neodímio, lantânio e térbio. Esses elementos são essenciais na fabricação de:
- Turbinas eólicas e motores de carros elétricos,
- Chips e smartphones,
- Satélites, foguetes e mísseis,
- Televisores de tela plana e equipamentos médicos de ponta.
Apesar do nome, as terras raras não são exatamente escassas. O que as torna valiosas é a dificuldade e o custo elevado para extrair e refinar os elementos em estado puro — um processo dominado quase exclusivamente pela China, que controla a cadeia global de suprimentos.
Brasil no topo: números que assustam potências
Dados atualizados do SGB indicam que o Brasil detém 23% das reservas mundiais conhecidas de terras raras. Além disso, o país é líder em outros minerais críticos:
- 93% das reservas globais de nióbio, essencial para ligas metálicas e baterias,
- 8% das reservas mundiais de lítio, insumo-chave para veículos eletrificados,
- Além de grandes jazidas de grafite, urânio, cobre, cobalto e manganês.
Com essa vantagem, o Brasil supera Rússia, EUA, Canadá e Austrália e desponta como peça-chave para indústrias que buscam reduzir a dependência da China.
Interesse global e pressões externas
Não é à toa que o subsolo brasileiro virou alvo de disputas diplomáticas. O governo dos Estados Unidos, liderado por Donald Trump, já manifestou interesse direto em parcerias para acesso aos minerais críticos brasileiros.
Na última semana, o encarregado de negócios da embaixada americana, Gabriel Escobar, reiterou a empresários o interesse em terras raras, lítio e nióbio, deixando claro que Washington quer o Brasil como fornecedor estratégico — em meio à imposição de tarifas de 50% sobre produtos brasileiros, que entram em vigor em 1º de agosto.
Apesar da vantagem geológica, boa parte das terras raras brasileiras ainda é exportada em estado bruto, com pouco valor agregado.
Se o país não investir em refino, tecnologia e diplomacia estratégica, corre o risco de continuar como mero exportador de matéria-prima — enquanto potências transformam os minerais em produtos de altíssimo valor.
Por outro lado, integrar ciência, indústria e política externa pode transformar o Brasil em protagonista da nova economia verde, garantindo autonomia energética e ganhos bilionários em exportações de alta tecnologia.