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Casas de apostas “invadem” fazendas e viram vício entre trabalhadores da zona rural

Por Pedro Silvini
08/10/2025
Em Geral
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Bets aposta

O avanço das casas de apostas online no Brasil começa a mudar o cotidiano em regiões antes afastadas da cultura digital. Em fazendas e pequenas comunidades rurais, trabalhadores têm se tornado alvos de um vício silencioso, impulsionado pela promessa de ganhos rápidos e pela facilidade de apostar pelo celular.

Segundo levantamento do Itaú, os brasileiros gastaram R$ 68 bilhões em jogos virtuais nos últimos 12 meses — o equivalente a 0,22% do PIB nacional. Parte desse dinheiro sai de bolsos apertados, especialmente nas áreas rurais, onde o impacto econômico e emocional é mais devastador.

De acordo com o sociólogo Marcelo Pereira de Mello, da Universidade Federal Fluminense (UFF), o público das bets nas zonas rurais é composto, em grande parte, por trabalhadores de baixa renda que enxergam nas apostas uma saída financeira.

“Esse apostador contumaz, geralmente das classes mais desfavorecidas, tende a encarar a aposta como investimento e acredita que ‘investindo’ pouco dinheiro pode multiplicá-lo. Quando essa perspectiva se associa a um comportamento compulsivo, torna-se a fórmula perfeita para o vício e o comprometimento da renda familiar”, explica.

O resultado é um ciclo de perdas e endividamento. Pequenos produtores e diaristas, muitas vezes sem acesso a crédito formal, passam a comprometer parte do salário ou da produção em tentativas de “recuperar o prejuízo”.

Aposta no celular, prejuízo na lavoura

Com a popularização dos smartphones e planos de internet rural, o vício chega cada vez mais longe. Em várias regiões agrícolas do país, o intervalo do almoço ou o descanso após a colheita se tornaram momentos de rolagem frenética em aplicativos de apostas esportivas.

Para muitos, o hábito começou com curiosidade e virou dependência. Pesquisas do Instituto Locomotiva mostram que 51% dos apostadores relatam aumento de sintomas de ansiedade, e 42% admitem usar o jogo como fuga emocional das dificuldades do dia a dia — um alívio momentâneo que, na prática, aprofunda o estresse e a sensação de impotência.

“É como o uso de drogas recreativas. Muitos experimentam e param. Mas outros tantos desenvolvem dependência e passam a precisar do jogo para manter o mesmo nível de estímulo”, compara Mello.

Regulação ainda coloca o peso no jogador

A nova regulamentação do governo federal para o setor, que entra em vigor em janeiro de 2025, inclui exigências sobre “jogo responsável”, mas especialistas afirmam que a responsabilidade é empurrada ao apostador.

A medida, elaborada pelo Ministério da Fazenda, prevê que as plataformas ofereçam ferramentas de autocontrole e monitoramento, mas sem impor limites objetivos de tempo ou valor apostado. O governo argumenta que regras rígidas gerariam distorções, devido à diversidade de perfis de apostadores.

“As medidas de proteção ainda são frágeis e se apoiam, basicamente, em grupos civis como os Jogadores Anônimos. Não há um controle efetivo de acesso aos sites, o que permite até que menores de idade driblem as exigências para apostar”, critica o sociólogo da UFF.

Influenciadores e o público vulnerável

Outra preocupação é o papel das redes sociais na disseminação das bets. A professora Daniela Juliano Silva, do Departamento de Direito Privado da UFF, alerta para o risco de exposição de menores a esse tipo de publicidade.

“Nesta semana, o Instituto Alana denunciou ao Ministério Público de São Paulo dez perfis de influenciadores mirins promovendo sites de apostas. É um público hipervulnerável, e isso fere o Estatuto da Criança e do Adolescente”, destaca.

Segundo Daniela, as empresas precisam comprovar a adoção de códigos de conduta e boas práticas de publicidade. O Conar (Conselho Nacional de Autorregulação Publicitária) já determinou que toda propaganda do setor inclua mensagens de alerta, como “Jogue com responsabilidade” ou “Apostas envolvem risco de perdas financeiras”.

Pedro Silvini

Pedro Silvini

Jornalista em formação pela Universidade de Taubaté (UNITAU), colunista de conteúdo social e opinativo. Apaixonado por cinema, música, literatura e cultura regional.

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