O nascimento de Nmachi Ihegboro, em 2010, chamou a atenção do mundo e intrigou especialistas em genética. Filha de Angela e Ben Ihegboro, um casal nigeriano residente em Londres, a bebê nasceu com pele clara, olhos azuis e cabelos loiros — características físicas que contrastam totalmente com as de seus pais e irmãos, ambos negros.
“Foi como segurar um milagre nos braços”, declarou Angela, então com 35 anos. Já o pai, surpreso, chegou a brincar: “É minha mesmo?”, antes de afirmar que não havia dúvidas sobre a paternidade.
Segundo médicos do Queen Mary Hospital, onde Nmachi nasceu, a menina não se encaixava nos casos típicos de albinismo. Três hipóteses foram levantadas para explicar o fenômeno:
- Mutação genética espontânea, exclusiva de Nmachi, que poderia ser transmitida aos seus descendentes;
- Genes recessivos de pele clara herdados de ancestrais distantes, mas que não haviam se manifestado nas gerações anteriores;
- Albinismo em forma atípica, que pode variar de intensidade e provocar desde pele muito clara até problemas de visão.
Especialistas como o professor Ian Jackson, do Human Genetics Unit, lembram que o albinismo é um dos distúrbios genéticos recessivos mais comuns na Nigéria e pode se manifestar em diferentes graus.
Impacto e cuidados
Embora saudável, Nmachi poderia enfrentar riscos associados à baixa produção de melanina, como maior sensibilidade ao sol. Médicos recomendaram proteção extra contra os raios ultravioleta, independentemente do diagnóstico final.
O caso Ihegboro gerou grande repercussão na mídia internacional e se tornou exemplo de como a genética humana ainda reserva surpresas inesperadas. Como destacou Bryan Sykes, professor de genética da Universidade de Oxford: “Somos todos misturas genéticas em algum grau, e ocasionalmente essas combinações resultam em características inesperadas.”
Para os pais, porém, a ciência fica em segundo plano: “Ela é linda, é o nosso milagre”, disse Angela ao segurar a filha nos braços.