A cidade de Jundiaí, localizada a cerca de 60 quilômetros da capital paulista, foi escolhida para sediar a futura base central de defesa antiaérea do Exército Brasileiro. A decisão faz parte do Projeto Força 40, programa de modernização da força terrestre que prevê, até 2039, a implantação de um sistema inédito de defesa antiaérea de média altura no país.
A mudança começou a ser formalizada em 15 de julho deste ano, quando o tradicional 12º Grupo de Artilharia de Campanha (GAC) passou a se chamar 12º Grupo de Artilharia Antiaérea (GAAAe). A cerimônia oficializou a transformação da unidade militar jundiaiense — conhecida há 105 anos como Grupo Barão de Jundiahy — em um dos pilares da nova estrutura de defesa nacional.
De acordo com o Comando Militar do Sudeste, o novo sistema contará com mísseis capazes de atingir alvos a até 15 quilômetros de altitude e com um alcance horizontal de 40 km, podendo chegar a 60 km dependendo da configuração. Os equipamentos também serão acompanhados de radares modernos, com capacidade de identificar aviões, drones e mísseis a mais de 150 km de distância, atingindo aeronaves a velocidades de até 2.880 km/h.
A escolha por Jundiaí foi considerada estratégica. A cidade fica às margens da Rodovia Anhanguera, a menos de 50 km do Rodoanel Mário Covas, com acesso rápido ao porto de Santos, na Baixada Santista. Segundo o general de brigada Marcos José Martins Coelho, responsável pelo Comando de Defesa Antiaérea do Exército, essa localização permitirá transportar o equipamento em até três horas até o litoral paulista, facilitando deslocamentos terrestres e marítimos.
“Conseguiríamos levar esse equipamento rapidamente ao porto de Santos e embarcá-lo para várias regiões do país”, explicou o general em entrevista à Folha de S.Paulo.
Atualmente, o Brasil possui apenas defesa antiaérea terrestre de baixa altura, com alcance de até 3 km. A criação da estrutura de média altura é vista pelo Exército como “imprescindível e emergencial”, segundo portaria publicada em julho, diante do cenário internacional de conflitos armados e tensões geopolíticas.
Contexto global e modernização militar
A decisão também ocorre em um momento de instabilidade global, com guerras em curso na Ucrânia e no Oriente Médio, além do aumento da presença militar dos Estados Unidos no Caribe, próximo à Venezuela, país que faz fronteira com o Brasil.
O Exército, no entanto, ressalta que o projeto é anterior a essas movimentações e faz parte de uma estratégia de longo prazo para reforçar a soberania e a prontidão das forças armadas brasileiras.
A partir de Jundiaí, será possível proteger áreas críticas do Sudeste, incluindo a Região Metropolitana de São Paulo, Campinas e Sorocaba, além de garantir resposta rápida a outras partes do território nacional.