Localizada no sudoeste do Pará, Altamira impressiona por suas proporções continentais: ocupa quase 13% de todo o território do estado e soma 159.533 km², área maior que países como Portugal, Irlanda, Islândia e Grécia. É o maior município do Brasil e o terceiro maior do mundo, superando o tamanho de 104 nações independentes.
Apesar da vastidão territorial, o município abriga cerca de 138.749 habitantes (estimativa 2025 do IBGE), o que representa menos de um morador por quilômetro quadrado, uma das menores densidades populacionais do país.
Neste 6 de novembro, Altamira celebra 114 anos de emancipação política — um marco que reforça sua relevância histórica, cultural e geográfica no Vale do Xingu. Criada em 1911, a cidade desenvolveu-se às margens do Rio Xingu, cercada por igarapés, biodiversidade exuberante e uma rede territorial estratégica que se estende por 13 municípios vizinhos.
Embora Altamira conte hoje com mais de 60 bairros em seu núcleo urbano e dois distritos localizados a mais de mil quilômetros da sede — Castelo de Sonhos e Cachoeira da Serra — a enorme dispersão populacional impõe desafios severos:
- dificuldade de acesso a saúde, educação e serviços públicos;
- longas distâncias entre comunidades;
- limitações logísticas para atuação do poder público;
- crescimento desigual e áreas isoladas.
A cidade também possui populações maiores de gado do que de pessoas, reflexo de décadas de pecuária extensiva e ocupação sem planejamento.
O impacto ambiental: Altamira lidera o desmatamento na Amazônia
A expansão territorial sem controle também fez de Altamira o município com a maior área desmatada da Amazônia. Em 2019, o município emitiu 35,2 milhões de toneladas de CO₂, mais que o dobro da cidade de São Paulo — mesmo tendo uma população quase 100 vezes menor.
- Altamira (126 mil habitantes): 35,2 milhões de t de CO₂
- São Paulo (12 milhões de habitantes): 16,6 milhões de t de CO₂
Isso significa que, proporcionalmente, seria como se cada morador fosse responsável por 500 carros rodando por dia— algo impossível. Segundo especialistas, 95% das emissões vêm exclusivamente do desmatamento.
Como Altamira chegou até aqui
A trajetória que levou Altamira à atual crise ambiental remonta a 1972, com a inauguração da Transamazônica pelo governo Médici. A promessa de desenvolvimento resultou em décadas de:
- desmatamento descontrolado,
- ocupação irregular,
- pecuária extensiva,
- ausência de planejamento ambiental.
Nos anos 2000, o impacto aumentou com a construção da Usina Hidrelétrica de Belo Monte, que trouxe novos ciclos de pressão sobre a floresta e provocou desmatamento indireto.




