Belo Horizonte é conhecida por sua boa comida, bares animados e povo acolhedor. Mas um detalhe pouco conhecido acaba de voltar aos holofotes: a capital mineira foi apontada por um estudo da Universidade de Cornell como um dos nove melhores lugares do mundo para se esconder em caso de guerra nuclear.
A revelação vem de um artigo publicado em 1962, no auge da Guerra Fria. Intitulado “Nine Places to Hide”, o texto foi escrito pela pesquisadora americana Caroline Bird, que avaliou regiões com menor probabilidade de ataques e com condições favoráveis para a sobrevivência humana em caso de desastre atômico.
O estudo considerou diversos fatores, como a localização geográfica de Belo Horizonte — distante do mar e de alvos militares estratégicos —, sua altitude (acima de 850 metros), além de estabilidade política, recursos naturais e infraestrutura básica, que garantiriam algum nível de autonomia em caso de colapso global.
Embora o artigo tenha sido escrito há mais de 60 anos, o contexto geopolítico da época levava especialistas a pensar em cenários extremos de sobrevivência. A capital mineira, cercada por montanhas e com pouca relevância militar direta, foi então considerada um refúgio viável contra possíveis ataques nucleares.
O abrigo antiaéreo do Acaiaca: uma cápsula do tempo
Um símbolo real dessa preocupação histórica está no subsolo do Edifício Acaiaca, um dos ícones arquitetônicos do Centro de BH. Construído em 1943, em plena Segunda Guerra Mundial, o prédio foi erguido sob regras da época que exigiam abrigos antiaéreos em edifícios altos — uma imposição do então presidente Getúlio Vargas.


Hoje, esse bunker pode ser visitado pelo público. Restaurado recentemente, o espaço oferece visitas guiadas entre quarta e domingo, com horários às 16h30, 17h30 e 18h30. Os ingressos custam a partir de R$ 25 e também podem incluir a visita ao Mirante Acaiaca, que oferece uma das vistas mais impressionantes da cidade.
Além de ambientações artísticas, o local preserva objetos, arquitetura e histórias que remetem ao clima de tensão e preparação da década de 1940, proporcionando aos visitantes uma verdadeira viagem ao passado.
Segundo a administração do edifício, a ideia é transformar o bunker em uma referência turística e educativa da cidade. Para o síndico e pesquisador Antônio Rocha Miranda, autor do livro “Edifício Acaiaca: O colosso humano e concreto”, o projeto tem também o objetivo de preservar a memória de um período pouco explorado da história urbana de BH.