Por séculos, Rungholt, uma próspera cidade medieval no norte da Alemanha, foi considerada apenas uma lenda — uma espécie de Atlântida europeia, engolida pelo mar como punição divina. Agora, pesquisadores confirmam: a cidade realmente existiu.
Usando tecnologias de ponta, como gradiometria magnética e indução eletromagnética, arqueólogos localizaram vestígios de um antigo porto e de uma igreja medieval submersos no Mar de Wadden, região costeira próxima à fronteira com a Dinamarca. As ruínas estavam enterradas sob camadas de lodo e areia havia mais de 660 anos, desde a devastadora tempestade de 1362, conhecida como Grote Mandrenke (ou enchente de São Marcelo), que destruiu Rungholt e outras sete comunidades da Frísia.
“A descoberta da igreja e do antigo porto confirma que Rungholt foi um importante centro comercial medieval”, afirmou o arqueólogo Dr. Bente Sven Majchczack, da Universidade de Kiel, que lidera a pesquisa em conjunto com especialistas da Universidade Johannes Gutenberg de Mainz e do Centro de Arqueologia Báltica e Escandinava.

Uma “Atlântida” germânica
De acordo com registros históricos e lendas locais, Rungholt era uma cidade rica e próspera, comparada em seu tempo a Roma. Seu porto ativo facilitava o comércio marítimo e impulsionava a economia da região. Porém, com a destruição total causada pela tempestade, milhares de habitantes morreram, e o local desapareceu do mapa — dando origem a séculos de mitos e relatos sobrenaturais.
Segundo algumas tradições cristãs, a catástrofe teria sido “um castigo de Deus” pelos pecados e pela arrogância de seus moradores. Uma das histórias mais repetidas diz que os habitantes, tomados pela soberba, teriam embebedado um porco e forçado um padre a conceder-lhe os últimos ritos — um ato blasfemo que teria selado o destino da cidade.
Redescobrindo a história
A equipe científica identificou cerca de 10 km² de estruturas, incluindo fundações de prédios, sistemas de drenagem e restos de diques. A maior das construções localizadas parece ser o que restou de uma igreja de 40 por 15 metros, o que indica que Rungholt abrigava uma comunidade considerável.
Os pesquisadores acreditam que novas escavações e análises de solo podem revelar artefatos medievais bem preservados, lançando luz sobre o cotidiano dos habitantes da misteriosa cidade submersa.




