Quando se fala em calor extremo, a primeira imagem que vem à mente costuma ser de cidades do Norte ou do Nordeste. No entanto, foi em pleno interior mineiro que o Brasil registrou sua maior temperatura oficial.
Segundo o Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet), a cidade de Araçuaí, localizada a 678 km de Belo Horizonte, marcou 44,8 °C em novembro de 2023, estabelecendo o novo recorde histórico do país. Até então, a marca mais alta era de 44,7 °C em Bom Jesus (PI), registrada em 2005.
Com pouco mais de 30 mil habitantes, Araçuaí está no Vale do Jequitinhonha, região conhecida pelo clima semiárido e longos períodos de estiagem.
A combinação de baixa umidade, altas temperaturas e os efeitos do fenômeno El Niño fizeram a sensação térmica ultrapassar os 50 °C, de acordo com registros locais.
Pesquisadores alertam que as mudanças climáticas estão tornando ondas de calor mais frequentes e intensas, especialmente em cidades do interior, onde a falta de cobertura vegetal e infraestrutura aumenta a severidade do problema.
Entre tradição e resistência cultural
Apesar do calor escaldante, Araçuaí guarda um patrimônio cultural expressivo. O município é referência no artesanato do Vale do Jequitinhonha, famoso por bonecas de barro, cantigas de roda e festas religiosas.
A cidade também abriga pontos turísticos como o Museu de Araçuaí, que preserva a história e religiosidade local, e o balneário Barra do Pontal, no encontro dos rios Araçuaí e Jequitinhonha.
Debate sobre o futuro climático
Diante do impacto do recorde e da intensificação de eventos extremos, a Assembleia Legislativa de Minas Geraisrealizou, em maio de 2024, um seminário em Araçuaí para discutir medidas de adaptação.
Especialistas debateram soluções para enfrentar a escassez hídrica e preparar as populações do semiárido para novos padrões de calor que tendem a se tornar cada vez mais comuns.