Um grupo de cientistas mexicanos, liderado pelo engenheiro químico e especialista em biotecnologia José Luis Nuño, desenvolveu uma proteína sintética 40 vezes menor que os anticorpos monoclonais atualmente usados em tratamentos contra o câncer. O avanço, obtido com o uso de inteligência artificial generativa (IAG), pode revolucionar o combate à doença e reduzir drasticamente os custos e o tempo de produção de novos medicamentos.
A pesquisa, conduzida pela startup Narval e apresentada no fórum Mentes en Acción, no México, foi inspirada no sistema imunológico dos tubarões, considerado um dos mais eficientes da natureza. Diferente de outros animais, os tubarões produzem anticorpos extremamente pequenos e eficazes, que lhes conferem uma impressionante resistência a infecções e doenças — incluindo o câncer.
“Os anticorpos dos tubarões são muito simples, e nós os tornamos ainda mais simples, criando versões sintéticas com o auxílio da inteligência artificial”, explicou Nuño. “Treinamos os modelos de IA para que simulem o que um tubarão faria para se proteger de uma doença.”
Medicamentos mais acessíveis e rápidos de produzir
O processo desenvolvido pela equipe permite criar proteínas artificiais — chamadas AMP (Antibody Mimicking Proteins) — que imitam o comportamento dos anticorpos naturais. Por serem menores, essas proteínas podem penetrar mais facilmente nas células cancerígenas, aumentando a eficácia do tratamento e diminuindo os efeitos colaterais.
Além do potencial para erradicar o câncer, os pesquisadores afirmam que a tecnologia também pode ser aplicada a doenças autoimunes e respiratórias. Os AMP podem inclusive melhorar vacinas existentes, como as contra a Covid-19, permitindo aplicações por meio de inaladores ou aerossóis, sem a necessidade de injeções.
“Cada vez surgem mais doenças novas. Reagir rapidamente é fundamental para a segurança nacional e pública”, ressaltou Nuño.
México pode se tornar referência em biotecnologia
O projeto destaca o potencial da combinação entre biotecnologia e inteligência artificial para transformar o setor de saúde. Com o apoio de políticas públicas e regulamentação adequada, o México pode se consolidar como um dos líderes mundiais na aplicação de IA na medicina, segundo o pesquisador.
A descoberta, publicada em parceria com o jornal El País, reforça o papel crescente da inteligência artificial generativa — uma área da IA voltada à criação de soluções inovadoras com base em grandes volumes de dados — no avanço científico e na luta contra doenças que ainda desafiam a medicina moderna.



