Depois de criarem um método inovador para tratar de queimaduras graves, cientistas brasileiros encontraram uma outra utilidade para pele de peixe, mais especificamente de tilápia-do-nilo (Oreochromis nicoticus). Pesquisadores da Universidade Federal do Ceará descobriram que o material biológico pode ser usado para criar um biotecido que ajuda a tratar cães com úlceras e lesões graves de córnea, ajudando os bichinhos a recuperarem a visão.
Segundo a Revista Pesquisa Fapesp, esse tratamento a partir de pele de tilápia foi desenvolvido por pesquisadores do Núcleo de Produção e Desenvolvimento de Medicamentos da Faculdade de Medicina da Universidade Federal do Ceará (NPDM-UFC).
Como pele de tilápia é usada para tratar lesões nos olhos?
A partir da pele do peixe, os cientistas extraem uma membrana rica em colágeno, que é usada como enxerto no curativo pós-cirúrgico de cachorros com lesões na córnea. Para produzir esse biotecido, a pele passa por um processo em laboratório para remover todas as escamas e células, deixando apenas o colágeno.
Esse biotecido ajuda a acelerar a cicatrizar e induz a regeneração – ou reepitelização – da córnea. Entrevistada pela revista da Fapesp, a veterinária Mirza Melo, líder do estudo, contou que, nos últimos quatro anos, eles já recuperaram a saúde ocular de mais de 400 cães com a técnica. Ela explicou que a membrana funciona como um “arcabouço”, protegendo a córnea, estimulando a produção celular e liberando colágeno, que então é absorvido pelo organismo.
Melo também explicou que já existem membranas biológicas no mercado, feitas de material bovino e suíço, mas elas são são importadas. A vantagem de usar a pele de tilápia é que ela permite fabricar membranas mais baratas e em território nacional.




