A tão sonhada viagem no tempo — presente em filmes, livros e na imaginação coletiva — pode ter dado um passo rumo à realidade. Cientistas ao redor do mundo estão mais próximos de responder à pergunta que intriga a humanidade: afinal, é possível atravessar o tempo?
A resposta, segundo os físicos teóricos, é “sim, mas com muitas condições”. A mais promissora hipótese até agora envolve as chamadas cordas cósmicas — estruturas teóricas extremamente finas e densas, previstas por modelos da física moderna, que teriam se formado logo após o Big Bang.
Pense em um fio invisível, com espessura menor do que um próton, mas com densidade colossal — capaz de concentrar energia equivalente a bilhões de sóis. Essas cordas, segundo a teoria, poderiam curvar o espaço-tempo ao seu redor de forma tão intensa que permitiriam “atalhos temporais”, também conhecidos como curvas fechadas no tempo.
Na prática, seria como criar uma ponte entre dois pontos diferentes no tempo, utilizando os efeitos da gravidade e da relatividade de Einstein. A ideia, apesar de teórica, está sendo levada cada vez mais a sério com base em observações astronômicas recentes.
Telescópio Euclid reforça a teoria
Lançado em julho de 2023, o telescópio Euclid, da Agência Espacial Europeia, surpreendeu a comunidade científica ao identificar um anel de Einstein perfeito em uma galáxia relativamente próxima, a NGC 6505. Esse fenômeno é um exemplo clássico de lente gravitacional, previsto por Einstein, onde a luz de um objeto distante é distorcida pela gravidade de outro corpo.
O que isso tem a ver com viagem no tempo? Muito. As lentes gravitacionais são evidências diretas de como a gravidade pode alterar a trajetória da luz — e do tempo. Isso reforça a base da teoria de que estruturas como buracos negros ou cordas cósmicas podem, em condições ideais, permitir viagens temporais — ao menos para o futuro.
E viajar para o passado?
Esse é o ponto mais controverso. Teoricamente, viagens para o passado implicariam em paradoxos — como o famoso “paradoxo do avô”, em que alguém poderia impedir seu próprio nascimento. A ciência ainda não encontrou formas de resolver esse tipo de impasse de maneira satisfatória.
Já viajar para o futuro é algo que, em pequena escala, já acontece. O astronauta Scott Kelly, por exemplo, passou quase um ano na Estação Espacial Internacional e envelheceu um pouco menos que seu irmão gêmeo na Terra, devido ao fenômeno conhecido como dilatação temporal, previsto pela Teoria da Relatividade.
O mesmo efeito ocorre próximo a buracos negros, onde o tempo passa muito mais devagar por causa da gravidade extrema — algo explorado no filme Interestelar, mas com base científica real.
O que falta para que a viagem no tempo seja realidade?
Apesar do avanço nas teorias, a tecnologia atual ainda está muito longe de construir ou manipular estruturas como cordas cósmicas ou acessar buracos negros com segurança. Além disso, a energia necessária para criar um campo gravitacional capaz de dobrar o tempo é inimaginavelmente alta, o que ainda mantém a viagem no tempo no campo da especulação científica.