Durante séculos, cartógrafos de todo o mundo enfrentaram o mesmo dilema: como representar com precisão um planeta esférico em uma superfície plana. Agora, um grupo de especialistas pode ter encontrado a resposta. Publicado no International Journal of Geographical Information Science, o novo modelo batizado de Equal Earth promete ser a projeção mais precisa já desenvolvida, corrigindo erros históricos de mapas amplamente utilizados.
A projeção de Mercator, criada em 1569, é talvez a mais conhecida, usada em salas de aula, atlas e aplicativos de navegação. Ela preserva ângulos e formas, mas distorce o tamanho das terras — gerando o chamado “problema da Groenlândia”, em que a ilha parece maior que a África, quando na realidade esta é 14 vezes maior.
Na década de 1970, o historiador alemão Arno Peters apresentou a projeção Gall-Peters como alternativa “mais justa”, representando o tamanho real dos territórios. Porém, a solução trouxe outro defeito: deformou o formato dos continentes.
Tentativas híbridas, como a projeção Robinson, adotada pela National Geographic em 1988, melhoraram a estética e a legibilidade, mas ainda não conciliavam tamanho e forma de forma ideal.

A solução: Equal Earth
Fruto do trabalho dos cartógrafos Tom Patterson, Bojan Šavrič e Bernhard Jenny, o Equal Earth combina a harmonia visual da projeção Robinson com a precisão das áreas preservadas. O resultado é um mapa que mostra os continentes tanto no tamanho quanto na forma corretos, eliminando distorções históricas e possíveis vieses culturais na representação do mundo.
Segundo os autores, a nova projeção poderá redefinir o ensino de geografia e ser incorporada a escolas, universidades e instituições governamentais. Além de corrigir percepções equivocadas sobre a dimensão de países e continentes, o modelo facilita estudos e planejamentos globais que dependem de dados espaciais confiáveis.
“Depois de séculos escolhendo entre tamanho ou forma corretos, agora temos um mapa que entrega ambos”, afirmam os pesquisadores.
O Equal Earth não é apenas um avanço técnico — é uma mudança na forma como enxergamos nosso próprio planeta.