Pesquisadores de mais de 40 países estão em alerta com a evolução do vírus da gripe aviária H5N1, que já atinge aves, mamíferos e humanos em diversos continentes. O temor é que a falha na vigilância, especialmente nos Estados Unidos, esteja permitindo que o vírus se adapte silenciosamente e se aproxime de uma forma transmissível entre humanos — o que poderia desencadear uma nova pandemia global já em 2025.
Segundo a BBC e o consórcio internacional Global Virus Network (GVN), a cepa H5N1 já chegou à Antártida e foi encontrada até em pinguins. Nos EUA, já há mais de mil infecções em rebanhos leiteiros e ao menos 70 casos humanos.
Brasil confirma primeiro caso em aves comerciais
O Brasil entrou oficialmente no mapa de risco em 16 de maio, ao confirmar o primeiro caso da gripe aviária em aves comerciais no estado do Rio Grande do Sul. Até então, o vírus só havia sido identificado em aves silvestres ou de subsistência. O caso foi detectado em uma granja produtora de ovos férteis, o que levou a restrições imediatas nas exportações de frango brasileiro.
Embora o H5N1 ainda não seja transmissível entre pessoas, o vírus tem mostrado maior capacidade de infectar mamíferos como porcos e gado, um possível passo decisivo para se tornar uma ameaça pandêmica. Casos humanos recentes foram registrados em países como EUA, Reino Unido, Índia e México.

Cientistas estão particularmente preocupados com a possibilidade de coinfecção entre gripe aviária e gripe sazonal — o que poderia facilitar mutações perigosas e transmissões entre humanos.
A taxa de letalidade histórica do H5N1 em humanos é de cerca de 50%, o que reforça a gravidade do cenário. O GVN e outras entidades científicas cobram uma reação imediata dos governos, destacando falhas na vigilância em zonas de contato entre animais e humanos e a ausência de estratégias de contenção claras.
Plano de ação internacional já foi proposto
Entre as principais recomendações dos especialistas estão:
- Compartilhamento rápido de dados genéticos do vírus
- Investimentos em sistemas de previsão de mutações
- Aprimoramento da biosegurança em fazendas, especialmente em contato com humanos
- Desenvolvimento de estoques de vacinas e testes
- Elaboração de planos nacionais de resposta emergencial
Eles defendem ainda que o acesso a testes, vacinas e tratamentos seja descentralizado, priorizando clínicas locais para acelerar a contenção de um possível surto.
O surto em andamento nos Estados Unidos e no Brasil é considerado brando em humanos até o momento, mas os especialistas advertem: subestimar o risco do H5N1 pode ter consequências catastróficas.