Enquanto a Coreia do Norte costuma ser o principal símbolo de regimes fechados, um país da Ásia Central tem chamado a atenção de especialistas por regras ainda mais rígidas. O Turcomenistão, governado por um sistema altamente centralizado, mantém toque de recolher permanente, proibição de redes sociais, controle severo da imprensa e restrições até sobre a cor dos carros que circulam nas ruas, consolidando-se como um dos países mais autoritários do planeta.
Localizado na Ásia Central e com cerca de 5,6 milhões de habitantes, segundo a BBC, o Turcomenistão faz fronteira com Cazaquistão, Uzbequistão, Afeganistão, Irã e o Mar Cáspio. Rico em reservas de gás natural, o país tornou-se independente da União Soviética em 1991, mas nunca passou por um processo efetivo de abertura política.
Desde 2022, o poder é exercido por Gurbanguly Berdimuhamedow, que antecedeu o próprio filho, Serdar Berdimuhamedow, na presidência, mantendo um modelo de governo baseado na concentração de poder e na repressão a qualquer forma de oposição.

Regras rígidas e uma capital fora do comum
Na capital Ashgabat, as restrições chamam a atenção até de viajantes experientes. Um toque de recolher às 23h, imposto durante a pandemia, segue em vigor sem anúncio oficial de suspensão. Desde 2018, apenas carros brancos podem circular pela cidade. Fotografias são limitadas, turistas enfrentam vigilância constante e redes sociais são bloqueadas em todo o país.
A imprensa é totalmente controlada pelo Estado, e veículos estrangeiros não têm autorização para atuar. Segundo a organização Freedom House, o Turcomenistão está no mesmo patamar de regimes como Coreia do Norte, Síria e Sudão, ocupando as últimas posições no ranking global de liberdades.
Controle social e culto à liderança
O atual sistema político é herança direta do primeiro presidente do país, Saparmurat Niyazov, que governou até 2006 e construiu um intenso culto à personalidade, com estátuas douradas, propaganda massiva e livros de autoria própria obrigatórios nas escolas. Seu sucessor manteve a estrutura, substituindo apenas os símbolos.
Retratos do presidente são onipresentes, eleições ocorrem sem concorrência real e não há histórico de pleitos com liberdade de escolha. “A liberdade de expressão, de imprensa e de associação permanece severamente limitada”, aponta a Freedom House em relatório internacional.
O acesso à internet é um dos mais baixos do mundo, alcançando menos de 15% da população. Plataformas internacionais, sites independentes e redes sociais são bloqueados, e o governo pode interromper serviços de internet e telefonia móvel para impedir o fluxo de informações.
Viagens ao exterior também são limitadas. Embora o visto de saída tenha sido oficialmente abolido, listas internas impedem críticos do regime de deixar o país. Para estrangeiros, o acesso ao território turcomeno é altamente burocrático, o que reforça a reputação de um dos países mais isolados do mundo.
Autoritarismo financiado pelo gás
Durante décadas, as receitas do gás natural sustentaram subsídios e benefícios básicos, como água, eletricidade e combustível gratuitos, ajudando a conter insatisfações. No entanto, a dependência quase total da China, hoje o principal comprador do gás turcomeno, e a queda nos preços internacionais pressionaram a economia.
Com menos recursos, o país enfrenta inflação, escassez de alimentos e desemprego, cenário que começa a gerar raros protestos, duramente reprimidos pelas forças de segurança.




