Milhares de brasileiros que participaram de consórcios e deixaram de resgatar seus valores ao fim dos contratos podem estar perdendo dinheiro sem saber. Segundo dados divulgados pelo Banco Central, havia R$ 2,08 bilhões “esquecidos” em consórcios ao final de 2024. O montante pertence a cotistas de grupos encerrados que não sacaram os valores a que tinham direito.
O problema é que, mesmo com os contratos encerrados, as administradoras continuam cobrando taxas de permanência sobre esse dinheiro. Em 2024, o valor retido por esse tipo de cobrança chegou a R$ 948 milhões — alta de 14,2% em relação ao ano anterior. Isso significa que quanto mais tempo o consumidor demora para resgatar o valor, menos ele recebe no final.
A taxa de permanência é cobrada pelas administradoras para manter os recursos disponíveis em sistema após o encerramento dos grupos de consórcio. Apesar de legal, a cobrança costuma ser desconhecida por muitos participantes, que acabam sendo surpreendidos ao solicitarem o resgate e perceberem que o valor disponível está abaixo do esperado.
O Banco Central alerta que, embora seja obrigação das administradoras devolver os recursos aos cotistas, não há prazo determinado para o saque, o que pode levar a longos períodos com o dinheiro parado — e, consequentemente, com maiores descontos.
Valores podem ser resgatados no Sistema de Valores a Receber
Os recursos esquecidos, tanto de consórcios quanto de outras instituições financeiras, podem ser consultados no Sistema de Valores a Receber (SVR), mantido pelo Banco Central. A ferramenta é gratuita e permite a qualquer cidadão verificar se há valores disponíveis em seu nome.
Como consultar:
- Acesse valoresareceber.bcb.gov.br;
- Clique em “Consulte valores a receber”;
- Informe seu CPF e data de nascimento;
- Caso existam valores, siga as instruções para saque.
A devolução pode ser feita diretamente pelo SVR ou pela instituição financeira responsável, dependendo do caso. Para concluir o resgate, é necessário ter uma conta Gov.br de nível prata ou ouro.
Desde maio, o sistema passou a permitir a solicitação automática do resgate para pessoas físicas. Com a função ativada, o dinheiro será transferido automaticamente para a chave Pix CPF do usuário assim que for disponibilizado, sem necessidade de consulta manual recorrente. A adesão é opcional e pode ser feita dentro da conta logada no SVR.