Os Correios anunciam nesta segunda-feira (29) um amplo plano de reestruturação que promete mudar o funcionamento das entregas em todo o país a partir de 2026. As medidas fazem parte do Plano de Reestruturação 2025–2027, apresentado pela Diretoria Executiva da estatal, e incluem desde cortes no quadro de funcionários até mudanças na operação logística, com o objetivo de recuperar a qualidade do serviço e reverter o prejuízo bilionário acumulado nos últimos anos.
A apresentação será feita em entrevista coletiva, em Brasília, pelo presidente da empresa, Emmanoel Rondon, em meio à pior crise financeira da história dos Correios.
A reestruturação ocorre após sucessivos prejuízos registrados desde 2022. Apenas no primeiro semestre deste ano, o rombo ultrapassou R$ 4 bilhões, segundo dados da própria companhia. Como consequência, o desempenho operacional também foi afetado.
Atualmente, o índice de entregas dentro do prazo está abaixo de 70%, bem distante da meta histórica de 96%. O cenário foi agravado por dívidas com fornecedores e, mais recentemente, por uma greve parcial dos funcionários.
Plano de retomada terá três fases
De acordo com documentos obtidos pela imprensa, o plano será executado em três fases e está estruturado em dois eixos considerados “complementares e indissociáveis”. O primeiro deles é a recuperação da qualidade dos serviços, com foco em prazos mais competitivos, previsibilidade e estabilidade operacional.
“O primeiro ponto do plano de retomada são ações que vão permear todas as fases do plano de recuperação”, afirmou o presidente dos Correios, Emmanoel Rondon, durante o anúncio.
Segundo ele, a proposta é “preparar a companhia para um novo rito, dentro de um novo modelo de negócio, uma modernização da sistemática de negócio e parceria dela, para que a gente tenha sustentabilidade a médio e longo prazo”.
Demissões, fechamento de unidades e parcerias
Entre as principais medidas anunciadas estão:
- Reabertura de um Programa de Demissão Voluntária (PDV), com previsão de desligamento de até 15 mil empregados, sendo 10 mil em 2026 e outros 5 mil em 2027;
- Fechamento de cerca de 1 mil unidades dos Correios em todo o país;
- Venda de imóveis ociosos;
- Ajustes em benefícios e na estrutura de pessoal;
- Ampliação de parcerias com o setor privado, especialmente em áreas estratégicas da logística.
O plano só poderá ser colocado em prática após a liberação de um empréstimo de R$ 12 bilhões, contratado junto a um consórcio de cinco bancos. A expectativa da estatal é que R$ 10 bilhões sejam liberados já nos próximos dias, viabilizando o início das ações.




