O reconhecimento facial, cada vez mais usado em serviços digitais e bancos, virou alvo de criminosos no Brasil. Golpistas estão explorando a confiança das pessoas para capturar imagens de seus rostos e aplicar fraudes milionárias. A prática já fez vítimas em diferentes estados e preocupa especialistas em cibersegurança.
As abordagens variam, mas seguem um padrão: o criminoso se apresenta como atendente de empresas de saúde, educação ou telefonia e solicita uma foto ou vídeo para suposto cadastro. Em outros casos, a promessa é de emprego ou benefício, como distribuição de cestas básicas. Há ainda golpistas que batem à porta das vítimas se passando por agentes públicos e registram imagens que, na verdade, são usadas em sistemas de biometria.
Com esses dados, os criminosos conseguem abrir contas, contratar empréstimos e até financiar automóveis em nome da vítima. Em Brasília, uma quadrilha chegou a usar deepfakes para clonar rostos e desviar R$ 110 milhões.
Casos recentes
Em Guarapuava (PR), a analista Francielli Kretchmer, 41 anos, caiu em um falso processo seletivo e descobriu que um financiamento de R$ 170 mil havia sido feito em seu nome. Pelo menos seis pessoas foram enganadas na cidade, e dois suspeitos já foram presos.
Em São Paulo, duas mulheres se passaram por agentes de saúde para colher a biometria de um idoso e desviaram R$ 47 mil da conta dele.
Como se proteger
O especialista em cibersegurança Eduardo Nery recomenda atenção redobrada:
- Desconfie se pedirem uma selfie ou vídeo movimentando o rosto.
- Nunca confirme dados pessoais fornecidos parcialmente pelo suposto atendente.
- Cheque a identidade de agentes públicos por meio de uniformes e crachás.
- Prefira canais oficiais para confirmar atendimentos e cadastros.
A quem recorrer
Quem suspeitar de fraude deve consultar o Registrato, ferramenta do Banco Central que mostra empréstimos e contas vinculadas ao CPF. Caso encontre irregularidades, o caminho é registrar boletim de ocorrência na Polícia Civil, Polícia Federal ou Ministério Público. A ONG SaferNet Brasil também oferece orientação e recebe denúncias online.
Com o avanço da tecnologia, a biometria facial promete mais segurança, mas também amplia os riscos. Para especialistas, a regra é simples: se pedirem sua foto fora de um canal oficial, desconfie.