Quem nunca terminou o almoço com aquela vontade quase incontrolável de comer um doce? Seja um pedaço de chocolate ou uma sobremesa elaborada, o desejo é comum — e, segundo especialistas, tem explicações que vão muito além da simples “gula”.
De acordo com a nutricionista integrativa e farmacêutica Verônica Dias, do Instituto Nutrindo Ideais, essa vontade pode ter origens fisiológicas e emocionais. “No aspecto físico, refeições desequilibradas — pobres em fibras, proteínas e gorduras boas — causam picos de glicemia seguidos por quedas rápidas de açúcar no sangue. Essa oscilação ativa o desejo por algo doce, como uma forma rápida de obter energia”, explica.
O corpo, ao perceber a queda da glicose, entende que precisa repor energia de imediato — e o açúcar é o combustível mais rápido. É por isso que, após refeições compostas basicamente por carboidratos simples, a necessidade de “comer um docinho” tende a ser mais intensa.
Já no aspecto emocional, o doce tem papel simbólico e cultural. “Ele está associado ao prazer, à recompensa e à pausa do estresse, especialmente em uma rotina corrida. É como se o cérebro dissesse: ‘Agora mereço algo que me faça bem’”, afirma a nutricionista.
Quando o corpo fala: o que os desejos por doce podem indicar
O desejo por açúcar também pode ser um sinal de carência nutricional. Segundo Verônica Dias, baixos níveis de magnésio, cromo, zinco, selênio, vitaminas do complexo B ou triptofano estão entre as causas mais comuns. “Esses nutrientes participam de processos metabólicos e neurológicos ligados ao bem-estar e ao controle da saciedade. Quando estão em falta, o organismo tende a buscar fontes rápidas de prazer — e o açúcar cumpre esse papel”, explica.
Além disso, fatores emocionais e hormonais influenciam diretamente os impulsos alimentares. Situações de estresse, ansiedade, cansaço e até a privação de sono aumentam a liberação de ghrelina (o hormônio da fome) e reduzem os níveis de serotonina, o neurotransmissor do prazer. O resultado é o desejo por algo doce, capaz de proporcionar alívio imediato — embora passageiro.
Como reduzir a vontade de comer doce
A boa notícia é que o impulso pode ser controlado com ajustes simples na alimentação e na rotina. A nutricionista recomenda:
- Monte refeições equilibradas, com boas fontes de proteína, fibras e gorduras saudáveis. Isso ajuda a manter os níveis de glicose estáveis e reduz os picos de fome.
- Não pule refeições. Ficar longos períodos sem comer faz o corpo buscar energia rápida em forma de açúcar.
- Durma bem. Noites mal dormidas alteram os hormônios que regulam o apetite.
- Mantenha-se hidratado. Muitas vezes, o corpo confunde sede com fome.
- Busque alternativas inteligentes, como frutas, iogurte natural com canela ou castanhas, que satisfazem sem causar o mesmo impacto glicêmico dos doces processados.