Aos 26 anos, Damaris Vitória Kremer da Rosa teve sua vida interrompida por um câncer de colo do útero apenas 74 dias depois de ser considerada inocente pelo Tribunal do Júri de Salto do Jacuí (RS). A jovem passou seis anos presa injustamente, acusada de participar de um homicídio ocorrido em 2018 — um crime do qual acabou completamente absolvida em agosto de 2025.
Damaris morreu no dia 26 de outubro, em Balneário Arroio do Silva (SC), onde cumpria prisão domiciliar desde abril, após ter o estado de saúde agravado pela doença. O corpo foi sepultado no Cemitério Municipal de Araranguá, em meio à comoção de familiares e amigos.

A história de Damaris começou em agosto de 2019, quando foi presa preventivamente sob a acusação de envolvimento na morte de Daniel Gomes Soveral, em Salto do Jacuí. O Ministério Público sustentava que ela teria atraído a vítima até o local do crime a pedido de outros dois acusados. Um deles, Henrique Kauê Gollmann, foi condenado, enquanto Wellington Pereira Viana também foi absolvido.
Desde o início, a defesa de Damaris insistiu em sua inocência. Segundo os advogados Rebeca Canabarro e Mateus Porto, ela havia apenas relatado ao então namorado ter sido estuprada pela vítima — o que teria motivado a ação isolada do homem que cometeu o homicídio.
Mesmo sem provas diretas, os pedidos de liberdade provisória foram negados repetidas vezes. Damaris permaneceu detida em diversas penitenciárias do Rio Grande do Sul, incluindo Sobradinho, Lajeado, Santa Maria e Rio Pardo.
Doença ignorada
Durante o tempo em que esteve presa, Damaris começou a sentir fortes dores e sangramentos — sintomas que mais tarde seriam diagnosticados como câncer de colo de útero. Os laudos médicos apresentados pela defesa foram inicialmente rejeitados pela Justiça, sob a justificativa de que se tratavam de “meros receituários sem diagnóstico”.
Apenas em março de 2025, quando já estava em fase terminal e dependente de transfusões de sangue, a prisão foi convertida em domiciliar. Ainda assim, ela foi obrigada a usar tornozeleira eletrônica durante as sessões de quimioterapia e radioterapia.
Em 13 de agosto, o júri popular reconheceu sua inocência e absolveu Damaris de todas as acusações.
			


