A SpaceX lançou nesta quarta-feira (24), direto do Centro Espacial Kennedy, na Flórida, um foguete Falcon 9 carregando três sondas destinadas a investigar os efeitos do Sol sobre a Terra e os limites do Sistema Solar. O evento marca o início de uma nova etapa da exploração espacial conduzida por Elon Musk, com foco total na estrela que garante a vida em nosso planeta.
O lançamento transportou:
- IMAP (Interstellar Mapping and Acceleration Probe), principal missão da NASA, avaliada em US$ 782 milhões;
- Carruthers Geocorona Observatory, que estudará a camada mais externa da atmosfera terrestre, a exosfera;
- SWFO-L1 (Space Weather Follow On-Lagrange 1), da NOAA, voltada para monitorar tempestades solares e fornecer alertas de risco.
As sondas seguirão para o ponto de Lagrange 1, localizado a 1,5 milhão de km da Terra, onde a gravidade da Terra e do Sol se equilibram, criando condições ideais para observação contínua.
Por que o Sol é prioridade
As três missões têm objetivos diferentes, mas todas convergem para o mesmo foco: compreender o “clima espacial” — o fluxo de partículas e radiação emitidos pelo Sol. Esses fenômenos podem afetar diretamente:
- Satélites e redes elétricas na Terra, que correm risco durante tempestades solares intensas;
- Astronautas em missões interplanetárias, expostos a radiações perigosas;
- A proteção da heliosfera, a “bolha magnética” que envolve e protege o Sistema Solar contra raios cósmicos.
Segundo David McComas, pesquisador da Universidade de Princeton e responsável pela IMAP, compreender essa barreira cósmica é essencial para a segurança das futuras missões a Marte e além.
“Entender por que a heliosfera funciona, como varia e como nos protege é fundamental para a exploração humana além da órbita da Terra.”
Homenagem histórica
O observatório Carruthers, nomeado em homenagem a George Carruthers — cientista que projetou a primeira câmera ultravioleta usada durante a missão Apollo 16 —, será responsável por capturar imagens inéditas da interação da atmosfera terrestre com o vento solar.
O satélite SWFO-L1 assume papel estratégico como substituto do já defasado DSCOVR, funcionando como um sistema de alerta antecipado para tempestades solares. A previsão desses eventos é vital para proteger não só infraestruturas tecnológicas, mas também astronautas em missões fora da órbita terrestre.
A aposta da SpaceX e da ciência global
Ao colocar três missões em órbita de uma só vez, a SpaceX demonstra eficiência logística e reforça sua parceria com agências internacionais. Como destacou Joe Westlake, diretor da Divisão de Heliofísica da NASA:
“Ter todas essas sondas voando juntas representa um valor imenso para o contribuinte americano.”
Com previsão de chegada ao destino em janeiro de 2026, as sondas devem inaugurar uma nova era de conhecimento sobre o Sol, preparando terreno para o avanço da exploração espacial nos próximos anos.