Responsável por duas das maiores aquisições da história da Coca-Cola, o empresário americano Mike Repole, que lucrou cerca de US$ 9,7 bilhões (R$ 54 bilhões) ao vender as marcas Glaceau e BodyArmor, surpreendeu ao fazer um alerta direto a quem sonha em abrir o próprio negócio: não empreenda. Segundo ele, a maioria das histórias de sucesso ignora a parte mais dura do caminho — aquela em que a falência é uma ameaça diária.
Repole deu a declaração em entrevista ao canal School of Hard Knocks, conhecido por ouvir empresários de grande sucesso. Na conversa, o bilionário afirmou que passa mais tempo desencorajando pessoas a empreender do que incentivando.
“Eu gasto mais tempo falando para as pessoas não serem empreendedoras”, disse Repole. “Os primeiros cinco anos eu chamo de anos de sobrevivência. Todos os dias você pode quebrar.”
A fala ganha peso pelo histórico do empresário. Nascido no Queens, em Nova York, Repole cofundou a Glaceau em 1999, empresa responsável por bebidas como Smartwater e Vitaminwater. O negócio saiu de US$ 1 milhão em vendas no primeiro ano para mais de US$ 1 bilhão em faturamento, até ser comprado pela Coca-Cola em 2007 por US$ 4,1 bilhões.
Da Smartwater ao maior negócio da Coca-Cola
Após o primeiro grande sucesso, Repole voltou ao mercado em 2011 como cofundador da BodyArmor, marca de bebida esportiva que ganhou projeção mundial em 2014, quando o ex-astro da NBA Kobe Bryant investiu US$ 5 milhões e se tornou diretor criativo da empresa.
Em 2021, a Coca-Cola adquiriu os 85% restantes da BodyArmor por US$ 5,6 bilhões, no que se tornou a maior compra de marca já feita pela multinacional.
Hoje, a revista Forbes estima a fortuna de Repole em US$ 1,6 bilhão, valor construído a partir dessas duas vendas e de outros negócios, como a expansão da marca de snacks Pirate’s Booty, vendida em 2013.
Sucesso não é regra, é exceção
Apesar dos números impressionantes, Repole reforça que sua trajetória está longe de ser um padrão replicável. Segundo ele, o empreendedorismo é vendido como um caminho glamouroso, quando na prática envolve fracassos constantes, insegurança financeira e pressão extrema.
“Houve dias em que eu realmente não achava que daria certo”, afirmou. “Eu falhei várias vezes ao longo do caminho.”
A avaliação está alinhada com dados do mercado: mais de dois terços das startups fecham as portas, muitas delas antes de completar cinco anos de existência.




