A destruição causada pelo ciclone extratropical que atingiu São Paulo — com ventos que chegaram a quase 100 km/h, milhares sem luz e queda de centenas de árvores — não deve ser vista como um evento isolado. Meteorologistas afirmam que fenômenos semelhantes devem voltar a ocorrer em breve no Brasil, em um cenário de eventos climáticos extremos cada vez mais frequentes.
Nas últimas semanas, o país enfrentou temporais severos no Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Paraná e São Paulo, além da confirmação de tornados em Flores da Cunha (RS) e Rio Bonito do Iguaçu (PR). O episódio no Paraná, há um mês, destruiu 90% da cidade e deixou sete mortos.
Segundo a Aliança Brasileira pela Cultura Oceânica, divulgada durante a COP30, o número de desastres climáticos ligados a ciclones, frentes frias e ondas de frio aumentou 19 vezes nos últimos 30 anos.
“Estamos observando um padrão claro de intensificação de eventos severos no Brasil”, explicou Marcelo Seluchi, meteorologista do Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais (Cemaden) à CNN.
Segundo ele, embora tornados sejam fenômenos pontuais, sua ocorrência tem se mostrado “mais frequente e mais intensa”, dificultando previsões de curto prazo.
Por que novos ciclones devem acontecer?
O ciclone que chegou a São Paulo na quarta-feira (10) percorreu a Região Sul antes de atingir o Sudeste, com rajadas históricas para a capital paulista. Os especialistas explicam que o Brasil convive com três tipos de ciclones:
- Extratropicais – os mais comuns, associados a frentes frias.
- Tropicais – mais intensos, semelhantes a furacões.
- Subtropicais – híbridos, comuns no litoral do Sudeste.
Com oceanos cada vez mais quentes, esses sistemas ganham energia e se tornam mais destrutivos pois o aquecimento do Atlântico intensifica a formação de ciclones e amplia o impacto quando chegam ao continente.

A ventania registrada em São Paulo, que alcançou 98 km/h, ocorreu mesmo sem tempestades intensas — um comportamento incomum e, segundo especialistas, tendência em eventos futuros.
Brasil deve se preparar
Os estudos reforçam o alerta: das ocorrências climáticas registradas nos últimos 30 anos, 54% foram ondas de frio, 38% ciclones e 8% frentes frias. A presença crescente de tornados, ainda que localizada, também preocupa.




