Ele é discreto, tem casca grossa e aparência rústica, mas esconde um dos maiores tesouros nutricionais da natureza. O inhame, também conhecido como taro em algumas regiões do Brasil, tem chamado a atenção de pesquisadores e nutricionistas por seu potencial de fortalecer o cérebro e a memória — em alguns aspectos, superando até o peixe, tradicionalmente reconhecido por esses benefícios.
O segredo do tubérculo está em uma substância chamada diosgenina, um fitoesteroide de estrutura semelhante a hormônios humanos como o estradiol e a progesterona. Esse composto natural tem sido estudado por seu papel na melhora da função cognitiva e na prevenção de declínios neurológicos, além de atuar como base para a produção sintética de hormônios esteroides.
Segundo a nutricionista Thais Barca, o inhame também é uma importante fonte de carboidratos complexos, que liberam energia de forma gradual e sustentada — essencial para o bom funcionamento do cérebro. Além disso, é rico em vitamina B6, vitamina C, potássio e fibras, nutrientes que ajudam na regulação do sistema nervoso e fortalecem a imunidade.
Benefícios que vão além da memória
De acordo com a nutricionista Lara Natacci, da Sociedade Brasileira de Alimentação e Nutrição (SBAN), o inhame possui baixo índice glicêmico, o que evita picos de açúcar no sangue e ajuda a manter a energia estável ao longo do dia. Isso o torna ideal para quem precisa controlar a glicemia, incluindo pessoas com diabetes.
Outro ponto de destaque é a sensação de saciedade prolongada. Por ser rico em fibras, o alimento reduz a vontade de comer entre as refeições e pode auxiliar em processos de emagrecimento.
O inhame também tem efeito antioxidante e anti-inflamatório. Segundo a nutricionista Sandra Chemin, do Centro Universitário São Camilo (SP), ele é rico em flavonoides que protegem as células contra os radicais livres, prevenindo o envelhecimento precoce e fortalecendo o sistema imunológico.
Melhor forma de consumo
Para aproveitar todos os benefícios, especialistas recomendam consumir o inhame cozido ou assado, cerca de três vezes por semana, em porções de 30 a 70 gramas. O cozimento facilita a digestão e melhora a absorção dos compostos antioxidantes.
Apesar da fama recente, o suco de inhame cru não é recomendado. “O inhame deve ser sempre cozido, pois cru pode causar irritações gastrointestinais e não oferece os mesmos benefícios”, alerta Natacci.
Natural, acessível e poderoso
De textura cremosa e sabor suave, o inhame se destaca como um superalimento nacional, unindo versatilidade culinária e alto valor nutricional. Para especialistas, incluir o tubérculo na rotina pode ajudar não só a fortalecer a memória e a concentração, mas também a promover equilíbrio hormonal e saúde intestinal.
Mais do que um simples ingrediente, o inhame vem se consolidando como um verdadeiro aliado do corpo e da mente — e, segundo os estudos mais recentes, pode sim superar o peixe quando o assunto é cérebro afiado e memória em dia.