Deixar o refrigerante de lado pode parecer simples, mas na prática muitos brasileiros enfrentam dificuldade para romper com esse hábito. O desafio tem base científica: segundo especialistas em nutrição e neurociência, a combinação de açúcar, cafeína e gás transforma a bebida em um produto desenhado para estimular os centros de prazer do cérebro — o que explica a sensação de “dependência”.
No Brasil, o refrigerante ocupa a sexta posição entre os alimentos mais consumidos, segundo o IBGE. E embora muitos saibam dos riscos à saúde, como a presença de corantes potencialmente cancerígenos e o alto teor de açúcar, abandonar o consumo exige mais do que força de vontade.
Por que o refrigerante é tão viciante?
De acordo com nutricionistas e pesquisadores, o refrigerante ativa no cérebro os mesmos caminhos químicos ligados ao prazer e à recompensa. O açúcar estimula a liberação de dopamina, neurotransmissor responsável pela sensação de euforia. O efeito, porém, dura pouco — e o cérebro logo pede mais.
Mesmo as versões diet ou zero não escapam dessa lógica. Apesar de conterem adoçantes no lugar do açúcar, enganam os receptores de sabor, criando a expectativa de uma recompensa calórica que nunca chega — o que aumenta o desejo por mais.
Além disso, o gás e a cafeína intensificam o impacto. A cafeína, por si só, é um estimulante que ativa os circuitos de recompensa, acelerando o pensamento e aumentando a sensação de alerta. Até mesmo elementos visuais e sonoros — como o barulho do gás ao abrir a lata — participam do estímulo, formando um ritual de consumo prazeroso.
O método mais eficaz: substituir com estratégia
Nutricionistas recomendam um método gradual e focado em substituições conscientes para quem deseja deixar o refrigerante. O processo envolve três passos principais:
- Reduzir o consumo de forma progressiva
Em vez de parar abruptamente, o ideal é diminuir as porções aos poucos, trocando a bebida por outras mais saudáveis, como água com gás com limão, chás gelados naturais sem açúcar ou sucos diluídos. - Reforçar os hábitos alimentares nas refeições principais
Segundo especialistas, incluir fontes de proteína e fibras nas refeições ajuda a manter a saciedade e reduz o desejo por doces e bebidas açucaradas após comer. - Desconstruir o ritual de consumo
Um dos fatores mais poderosos do vício é o costume. Por isso, é recomendado criar novos rituais, como preparar uma bebida caseira ou associar o momento pós-refeição a outras atividades prazerosas (como caminhar, escutar música ou tomar chá).
O que esperar do processo
A retirada do refrigerante pode gerar sintomas leves de abstinência, como dor de cabeça, irritação e fadiga — especialmente nos primeiros dias. Contudo, esses sinais tendem a desaparecer em até uma semana. Em contrapartida, os benefícios são rápidos: melhora da hidratação, controle do peso, redução da ansiedade e diminuição dos riscos de doenças crônicas, como diabetes tipo 2 e hipertensão.