O avanço da robótica está ganhando forma – e, mais do que isso, um rosto humanoide. Com a chegada do AEON, robô inteligente lançado pela empresa Hexagon, especialistas e trabalhadores se perguntam se estamos à beira de uma nova onda de desemprego em massa. Projetado para atuar em fábricas e armazéns, o robô promete não apenas preencher lacunas na mão de obra, mas redefinir como as tarefas são realizadas, com mais velocidade, precisão e autonomia do que qualquer trabalhador humano.
A preocupação é concreta: em setores como logística, montagem, inspeção e controle de qualidade, milhões de brasileiros ocupam funções repetitivas, exatamente o tipo de atividade que AEON executa com eficiência inquestionável— e sem pausa para descanso, salário ou direitos trabalhistas.

Como o robô AEON funciona?
Combinando inteligência artificial da NVIDIA, infraestrutura em nuvem da Microsoft Azure e atuadores avançados da Maxon, o AEON possui:
- Movimentação ágil e precisa, com braços e pernas articulados como os de um humano;
- Capacidade de aprendizado contínuo, ajustando tarefas com base em dados em tempo real;
- Sensores ambientais integrados, permitindo navegação autônoma e escaneamento 3D de ambientes para criar gêmeos digitais;
- Versatilidade modular, que permite adicionar novas funções conforme a necessidade da empresa.
Ou seja, AEON pode tanto operar máquinas e separar peças em esteiras, quanto fazer inspeções visuais minuciosas e até criar mapas digitais completos dos galpões onde atua.
Parcerias e testes reais
A Hexagon já iniciou projetos-piloto com empresas como Schaeffler e Pilatus, em que o AEON executa tarefas como:
- Alimentação de máquinas;
- Inspeção de componentes;
- Captura e digitalização de ambientes industriais.
Os resultados preliminares são animadores para as empresas — e preocupantes para trabalhadores. Os testes confirmam que o robô reduz falhas humanas, aumenta a produtividade e melhora a segurança, sem custos com horas extras ou afastamentos por lesão.
Com mais de 7 milhões de brasileiros empregados em atividades industriais, segundo o IBGE, o avanço de robôs como o AEON pode acelerar o desemprego estrutural, especialmente entre os que atuam em funções repetitivas e de baixa qualificação.
A situação é agravada pela busca das empresas por reduzir custos operacionais, em um cenário de inflação alta, juros elevados e demanda por produtividade.